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Testemunha da cena do crime nos Alpes compara o local com filme

A primeira pessoa na cena de um assassinato quádruplo numa área tranquila e arborizada dos Alpes franceses descreveu-a, esta Quinta-feira (13), como algo típico de um filme de Hollywood, com corpos crivados de balas num carro cujo motor ainda estava a funcionar, e com sangue por toda parte.

O ex-piloto da força aérea britânica Brett Martin havia saído para um passeio de bicicleta, Quarta-feira passada, quando deparou-se com outro ciclista e três membros de uma família britânica em férias que haviam sido mortos a tiros numa estrada remota numa montanha na área do lago Annecy.

“Pareceu-me exactamente como uma cena de Hollywood. E se alguém tivesse dito ‘corta’ e todo o mundo se levantasse e fosse embora, teria sido. Mas, infelizmente, era vida real”, disse Martin, em entrevista à BBC TV.

As vítimas no carro BMW eram Saad al-Hilli, um engenheiro nascido no Iraque, sua esposa e sua sogra. A brutalidade e natureza inexplicável dos assassinatos, que segundo a polícia foram cometidos usando uma única arma semiautomática, têm intrigado a media na Grã-Bretanha que deram cobertura de destaque à história.

Os promotores franceses têm considerado o trabalho de Hilli na indústria aeroespacial ou um desentendimento de família como possíveis motivos. “Havia muito sangue e cabeças com buracos de bala nelas. É o tipo de coisa que nunca esperas encontrar na vida”, disse Martin.

A primeira coisa que ele viu quando aproximou-se da cena foi uma bicicleta deitada e uma criança, a filha de 7 anos ,Zainab Hilli, caída na estrada, com ferimentos graves na cabeça e coberta de sangue. “Ela estava de bruços na estrada, a gemer, semiconsciente e deitada numa posição na frente do carro com as rodas a girarem”, disse Martin.

“Ela estava gravemente ferida.” Ele tirou-a da frente do carro antes de virar-se para o ciclista e rapidamente deduzir que ele estava morto.

Buracos de bala

No início, ele pensou que tinha acontecido um terrível acidente de carro, uma que o motor do veículo ainda estava a funcionar e as rodas giravam vigorosamente. Mas, assim que foi desligar a ignição, notou buracos de bala nas janelas.

“Ficou bastante evidente que os ferimentos das pessoas no interior não correspondiam ao que se poderia pensar de como ficariam depois de um acidente de carro num estacionamento”, disse ele.

Ele não viu a outra filha de Hilli, Zeena, de 4 anos, que estava escondida sob as pernas e a saia da sua mãe morta. Ela só foi encontrada ilesa quase oito horas depois que a polícia chegou.

Martin disse que ficou nervoso, com medo de que houvesse um atirador enlouquecido à solta, mas não podia telefonar para pedir ajuda porque o seu celular não tinha sinal. Sem saber o que fazer com a garota ferida, ele tomou a difícil decisão de deixar Zainab para trás e procurar ajuda, em vez de arriscar causar mais ferimentos nela ou até a morte a tentar levá-la com ele.

Zainab, que sofreu graves fracturas no crânio após ser baleada e espancada, saiu de um coma induzido, Domingo (9), e será interrogada pela polícia assim que tiver condições.

Os investigadores franceses, que disseram que cerca de 25 balas tinham sido encontradas na área, viajaram para a Grã-Bretanha, esta Quinta-feira (13), para encontrarem-se com os detectives britânicos que fizeram uma busca na casa da família numa aldeia arborizada em Surrey, ao sul de Londres.

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