Violências eclodiram domingo em vários bairros da cidade de Bujumbura entre elementos da Polícia Anti-Motim e manifestantes furiosos contra a candidatura do Presidente burundês cessante, Pierre Nkurunziza, constatou-se na capital burundesa.
Manifestações de rua foram reivindicadas e assumidas por várias organizações da sociedade civil envolvidas numa campanha chamada « Não ao Terceiro Mandato » do Presidente Pierre Nkurunziza, com como pano de fundo “a não violência ativa”.
Gases lacrimogéneos e pneus queimados bem como jactos de pedras são de facto o ambiente de domingo último, particularmente tenso na cidade de Bujumbura, a que a Polícia Anti-Motim e os manifestantes recorreram durante os confrontos que resultaram em danos humanos e materiais por especificar.
O clima de tensão propagou-se à sede da Rádio Pública Africana Independente (RPA) onde os ministros do Interior, Edouard Nduwimana, da Segurança Pública, Gabriel Nizigama, e da Comunicação, Tharcisse Nkesabahizi, vieram com polícias para forçarem o encerramento desta rádio independente mais ouvida do país, com um mandato do Ministério Público da República acusando-a de “propaganda dum movimento insurrecional”.
O presidente da Associação Burundesa dos Radiodifusores (ABR), Patrick Nduwimana, condenou energeticamente uma “violação grave e inédita da liberdade de expressão e de imprensa”. Segundo Nduwimanam, programas de algumas rádios independentes foram igualmente cortados para impedir a retransmissão em direto das manifestações de rua em Bujumbura e no interior do país. Organizações da sociedade civil receberam o apoio dos partidos políticos da oposição que também não caucionam o terceiro mandato presidencial de Pierre Nkurunziza.
Actividades socio-económicas ficaram de repente paralisadas por esta turbilhão em Bujumbura para o qual os residentes já estavam preparados pois eles já tinham constituído estoques de consumo de casa, nomeadamente alimentos e outros produtos de primeira necessidade.
Porém, outros cidadãos da capital e do interior do país preferiram proteger-se das violências pré-eleitorais refugiando-se momentaneamente nos países vizinhos, como o Ruanda, a República Democrática do Congo e a Tanzânia.
De facto, sábado último, a candidatura de Pierre Nkurunziza foi oficializada com vista a um terceiro mandato presidencial por um congresso extraordinário do seu partido, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia/Forças de Defesa da Democracia (CNDD-FDD), provocando este cataclismo em Bujumbura e no interior do país.