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Terá sido chantagem?

Terça-feira, foi a enterrar, na Beira, um dos irmãos do actual primeiro secretário do Comité Provincial do Partido Frelimo em Sofala, Henriques Bongesse, falecido há dias, vitima de doença. O funeral foi no cemitério oficial da Manga, vulgarmente chamado por Hindú. O cortejo partiu da capela da morgue do Hospital Central da Beira (HCB) por volta das 14:00 horas. Havia muitos carros, naturalmente os “camaradas” estavam em peso e um representante do Conselho Municipal.

A urna era transportada numa viatura funerária do Conselho Municipal. O Conselho Municipal da Beira adquiriu muitas viaturas para esse fim, a maioria das quais em bom estado se não mesmo novas, mas a que foi cedida para transportar o irmão do primeiro secretário da Frelimo em Sofala deve ser a mais velha e a mais péssima em termos de estado mecânico.

Logo que a viatura partiu da morgue via-se a sua deficiência, toda ela a abanar sem direcção. Consequência: ao chegar a Estoril, mesmo defronte do Hotel Dom Carlos, a referida viatura avariou. O cortejo teve de parar cerca de 15 minutos para passar a urna para outra viatura que teve de ser improvisada no momento.

Não que a viatura não pudesse registar avaria, mas a situação podia ser prevenida se o Municipio tivesse cedido uma viatura em óptimas condições.

Imagina-se o embaraço que aquela situação criou. Lia-se o desgaste profundo com aquela situacão no semblante do primeiro secretário da Frelimo e dos seus correligionários que tudo fizeram para realizar uma cerimónia fúnebre condigna ao seu ente-querido.

À qualquer um aquela situação criaria amargura, ainda quando se trata de figuras políticas bastante públicas. Há quem chegou a comentar que o Município pode ter feito de propósito ao ceder aquela viatura em mau estado mecânico.

O argumento assenta nas fortes rivalidades políticas existentes entre o poder municipal e a Frelimo, cujo primeiro secretário em Sofala, Henriques Bongesse, já declarou repetidas vezes e em fóruns públicos que o seu partido vai remover os actuais gestores da edilidade nas próximas eleições autárquicas, em 2013.

Além de somente se julgar se foi ou não chantagem por parte da edilidade, a própria Frelimo ciente da rivalidade política que tem com os gestores do Município também podia ter acautelado a situação, recorrendo a outras viaturas particulares ou até contratar serviços de agências funerárias privadas.

A não ser que o Município se ofereceu e sendo assim piora a desconfiança. Os políticos devem saber que os seus adversários fazem de tudo quanto ao seu alcance para desconfigurar um a outro, pior numa situação onde participa muita gente. Não se pode dar espaço para que isso aconteça.

É de facto uma situação lamentável a que aconteceu, mas para os políticos isso pouco interesse tem. Oxa-lá ambas as partes tenham tirado ilações a partir desse acontecimento, por forma a prevenir das próximas vezes.

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