A existência de novas técnicas destinadas a ocultar cocaína antes de sua importação à Europa é destacada por um informe publicado pelo Observatório Europeu de Droga e Toxicodependência (OEDT) e pela Europol. O informe enfatiza “as técnicas cada vez mais sofisticadas utilizadas para ocultar a cocaína”, uma das quais consiste em inserir a cocaína ou o cloridrato de cocaína em outros materiais, como cera de abelha, plástico ou roupas, para depois extraí-la em laboratórios instalados dentro das fronteiras da União Europeia.
Aproximadamente 40 desses laboratórios, chamados de “segunda extração”, foram descobertos na UE em 2008. Esses laboratórios são diferentes dos instalados na África do Sul, que fabricam o cloridrato de cocaína a partir de folhas de coca ou de pasta de coca, afirmam as duas organizações. O diretor do OEDT, Wolfgang Gotz, explicou que a investigação revelou “uma sofisticação e uma inovação crescentes dos meios empregados pelos traficantes de cocaína” e uma “extensão potencial da oferta de cocaína nos países da Europa central e oriental”.
A Europa passou a ser um objetivo importante para a cocaína produzida na América do Sul, indica o informe. Os números de 2007 somam 73.800 apreensões realizadas nos países membros da União Europeia, na Croácia, na Turquia e na Noruega, que permitiram interceptar cerca de 77 toneladas de cocaína. Esses números situam a Europa em 2007 como a terceira maior região do mundo no que diz respeito à quantidade de cocaína apreendida, atrás das Américas do Sul e do Norte.
Paralelamente, apareceram novas rotas para o tráfico transatlântico, afirma o documento, citando em particular a “rota da África do oeste”. Os dados das autoridades europeias alertam também para uma mudança dos pontos de desembarque nas principais regiões de entrada na Europa – a península Ibérica e Benelux -, e uma extensão das atividades das redes de traficantes até a Europa oriental.