Autoridades do combate à caça furtiva em Moçambique e na Tanzania capturaram um importante líder do abate de elefantes na Reserva Nacional do Niassa. Trata-se de Mateso Albano Kasian, um cidadão tanzaniano possuidor de bilhete de identidade moçambicano, que se suspeita ser cúmplice do grupo de cidadãos chineses, oriundos da cidade de Shuidong, que dominam o tráfico de marfim do nosso continente para a Ásia, usando a porosidade do porto de Pemba.
A importante detenção aconteceu no passado dia 11 em Montepuez, na província de Cabo Delgado, como resultado de aturado trabalho de inteligência e articulação entre Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), o Government’s National & Transnational Serious Crimes Investigation Unit da Tanzania(NTSCIU), a Reserva Nacional do Niassa, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e também da Procuradoria-Geral da República de Moçambique.
O @Verdade apurou que Mateso Albano Kasian, também conhecido por Mateso Chupi, era procurado pelas autoridades do país vizinho desde 2013 e pelas autoridades nacionais desde 2014 que têm provas que ele é o líder de um extensa rede de caçadores furtivos que actuam impunemente na Reserva Nacional do Niassa há vários anos onde têm morto milhares de elefantes para cortarem os seus marfins que posteriormente traficam, principalmente para a Ásia.
Um dos operacionais de Mateso, identificado pelo nome de Hussein Twalibu Safi, havia detido na Tanzania em Junho passado na posse oito pontas de marfim, arma e munições, e confessou as autoridades que o seu líder é Mateso Albano Kasian.
De acordo com as autoridades de combate a caça furtiva, Hussein Twalibu Safi é o responsável pelo abate de 26 elefantes na Reserva Nacional do Niassa só durante os primeiros meses de 2017. Nesta que é a maior área de Conservação do nosso país existiam em 2015 cerca de seis mil paquidermes, contra mais de onze mil que ali habitavam quatro anos antes.
Portos e aeroportos moçambicanos são “hubs” do tráfico
As fontes do @Verdade acreditam Mateso Albano Kasian seja um dos principais fornecedores de marfim dos traficantes de Shuidong, um grupo de chineses que domina o tráfico para a Ásia e usa como porta de saída de África o porto de Pemba, em Cabo Delgado, devido as suas facilidades em subornar toda a cadeia de funcionários públicos envolvidos nos tramites de exportação. Mateso Albano Kasian está detido na penitenciaria de Pemba.
O @Verdade acredita que Mateso poderá ser já responsabilizado ao abrigo da recentemente revista Lei de Protecção, Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica que passou a penalizar com pena de prisão maior de 12 a 16 anos e multa correspondente aquele que abater, chefiar, dirigir, promover, instigar, criar ou financiar, aderir, apoiar, colaborar, de forma directa ou indirecta, grupo, organização ou associação de duas ou mais pessoas que, actuando de forma concertada, pratique conjunta ou separadamente o crime de abate ou destruição das espécies protegidas ou proibidas da Fauna e Flora, incluindo as espécies constantes na Lista dos Anexos I e II da CITES ou a exploração ilegal de recursos minerais na Áreas de Conservação e zona de tampão.
A Lei 16/2014, revista em Dezembro de 2016 e só promulgada em Abril de 2017, prevê igual pena de prisão para quem vender, distribuir, comprar, ceder, receber, transportar, importar, exportar, fizer transitar ou mesmo detiver os animais protegidos.
Entretanto as fronteiras moçambicanas continuam a ser a rota preferência para os traficantes de produtos da caça furtiva.
No passado dia 14 foi detido um cidadão de nacionalidade vietnamita, com residência em Moçambique, no aeroporto internacional de Kuala Lumpur, na Malásia, transportando nas suas malas cerca de 36 quilogramas de marfim parcialmente processado.
Mais de cinco toneladas de marfim, e outros troféus da caça furtiva, foram traficadas pelo porto de Pemba no ano passado enquanto centenas de quilos passaram sem problemas pelos scanners do aeroporto internacional de Maputo.