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Sul-africanos fazem memorial para vítimas de massacre na mina de Marikana

Sul-africanos fazem memorial para vítimas de massacre na mina de Marikana

Sul-africanos realizaram um memorial nesta quinta-feira na mina de platina de Marikana onde a polícia matou a tiros 34 grevistas, num derramamento de sangue que evocou lembranças da violência da era do apartheid e revelou a raiva dos trabalhadores sobre as desigualdades que suportam desde o fim do regime de domínio branco.

Cerca de 500 pessoas lotaram uma tenda montada na mina de platina, perto do que foi chamado de “Colina do Horror”, onde a polícia matou 34 mineiros em greve, no mais violento incidente de segurança desde o fim do apartheid, em 1994. Multidões ouviram hinos e orações, mulheres envolvidas em cobertores choraram e pessoas em luto colocaram flores no local. Outros memoriais ocorreram em todo o país, incluindo no centro de Johanesburgo.

“Tal assassinato de pessoas, de crianças, que não fizeram nada de errado e não tinham que morrer dessa forma”, disse Baba Goloza, cujos dois filhos morreram. Ele culpou a proprietária da mina Lonmin por não cuidar de seus trabalhadores em sua mina de Marikana, a noroeste de Johanesburgo.

A violência entre sindicatos trabalhistas rivais expôs os altos níveis de irritação com os baixos salários e com o que é visto como favoritismo político na maior economia da África. Dez pessoas morreram na guerra de territórios entre sindicatos rivais, incluindo dois policiais e um delegado sindical agredido até a morte com facões.

O incidente chamou a atenção para o fracasso do Congresso Nacional Africano (ANC) em diminuir a desigualdade de renda que permanece entre as maiores do mundo, enquanto muitos de seus membros são acusados de usar conexões políticas para ficar ricos.

A poderosa União Nacional dos Mineiros (NUM), um dos grupos rivais na Lonmin, tem sido uma plataforma para o poder político para vários altos funcionários do ANC — o ex-movimento de libertação que está no poder desde o fim do apartheid. O secretário-geral do ANC, Gwede Mantashe, braço-direito do presidente Jacob Zuma, era um líder da NUM antes de se juntar ao partido.

A rival do NUM, a Associação de Mineiros e Sindicato da Construção, tem buscado apoio entre os trabalhadores que querem mais pagamento por seu trabalho perigoso e sujo, dizendo que o NUM não está fazendo um bom acordo por eles e está muito próximo das empresas de mineração — algo que o NUM nega.

Zuma criou um painel para investigar as mortes, mas continua sob ataque de rivais políticos que acusam seu governo de fraco policiamento e maior preocupação com os interesses corporativos do que com os direitos dos trabalhadores.

O PIB per capita da África do Sul é de mais de 8.000 dólares por ano, mas quase 40 por cento da população vive com menos de 3 dólares por dia. Os salários dos mineiros subiram, mas muitos lutam para sustentar uma média de oito a 10 dependentes.

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