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Suecos questionam critérios de concessão do Nobel da Paz

As autoridades suecas estão a discutir se o Prémio Nobel da Paz tem sido entregue às pessoas “erradas”, como ambientalistas e activistas de direitos humanos, desrespeitando os critérios estabelecidos no testamento do fundador do prémio, o inventor Alfred Nobel.

A questão assombra o Comité Nobel Norueguês, que concede o prémio. Em 2008, um escritor radicado em Oslo passou a argumentar que o Nobel havia se desviado das intenções originais do criador, de promover o desarmamento e os “congressos de paz”.

“Eles estão a ignorar completamente o testamento (de Nobel)”, disse o escritor, advogado e activista Fredrik Heffermehl à Reuters. Na opinião dele, os últimos vencedores “legítimos” do Nobel da Paz foram a Organização das Nações Unidas (ONU) e o seu então secretário-geral, Kofi Annan, em 2001.

Heffermehl agora conseguiu chamar a atenção do Departamento Administrativo do Condado de Estocolmo, cujas atribuições incluem fiscalizar se as 7.300 fundações registradas na Suécia cumprem os desejos dos seus benfeitores já mortos.

“O senhor Heffermehl tem um par de bons argumentos”, disse à Reuters o advogado do departamento, Mikael Wiman, que, esta semana, enviou uma carta à Fundação Nobel, com sede em Estocolmo, pedindo esclarecimentos.

Os prémios anuais de Física, Química, Medicina, Literatura e Economia são concedidos em Estocolmo, mas Nobel especificou que o prémio da Paz seria decidido por uma comissão nomeada pelo Parlamento norueguês. Por isso esse prémio é entregue em Oslo.

Nobel, inventor da dinamite, escreveu em 1895 que o prémio da Paz deveria ser entregue à “pessoa que deva ter feito o maior ou melhor trabalho pela fraternidade entre as nações, pela abolição ou redução dos exércitos permanentes, ou pela realização e promoção de congressos de paz”.

O secretário-executivo do comité norueguês, Geir Lundestad, disse que a “fraternidade entre as nações” é um conceito suficientemente amplo a ponto de justificar todos os vencedores da história. “Rejeitamos a ideia de que não temos respeito pelo testamento”, disse Lundestad à Reuters.

“Há mais de uma resposta sobre como ele deveria ser interpretado.” Ele disse que o comité responderá às autoridades de Estocolmo até 15 de Março, e que depois disso o assunto deve ser encerrado. “Não fizemos nada de errado”, afirmou.

Heffermehl disse que os activistas de direitos humanos como o preso político chinês Liu Xiaobo, vencedor de 2010, ou personalidades envolvidas na luta contra a pobreza, como Muhammad Yunus, que levou o prémio em 2006 pelo seu trabalho com o microcrédito, são boas pessoas, mas “erradas” para o prémio.

Ele criticou também as escolhidas em 2011: a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a activista liberiana Leymah Gbowee e a militante iemenita Tawakkol Karman.

“Depois do ano passado, pensarias que trata-se dum prémio para a democracia e os direitos das mulheres”, afirmou.

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