A Penitenciária Industrial de Nampula debate-se com sérios problemas de segurança em consequência do défice de agentes correccionais existentes, facto que tem contribuído para sucessivas evasões de reclusos.
Chico Alberto Quembo, director da Penitenciária Industrial de Nampula, que deu a infomação ao nosso matutino, disse que só no mês de Janeiro registou-se a evasão de doze reclusos, cinco dos quais foram recapturados, enquanto os restantes ainda se encontram a monte.
Disse-nos, ainda, que, entre os foragidos, constam três perigosos cadastrados, nomeadamente Castro da Costa, vulgarmente conhecido nos meandros do crime por Namuaca, condenado com a pena de 20 anos de prisão; Hélder Carlos Luis, com a pena de 22 anos de prisão, e José Momade Ussene conhecido por Chande e condenado a 24 anos de prisão.
O nosso interlocutor disse que algumas fugas têm-se registado nas brigadas de produção, enquanto outras são orquestradas por agentes correccionais afectos naquela instituição, a troco de valores monetários em esquemas comparticipados por familiares dos reclusos. E referiu que, em conexão com as fugas, três agentes correccionais encontram-se, há três meses, suspensos das suas actividades e com os respectivos salários congelados, enquanto decorre a instrução processual. Entretanto garantiu que estão já em curso diligências destinadas à recaptura dos evadidos.
Algumas fontes anónimas daquela unidade prisional denunciaram ao nosso jornal que a retirada das celas de Assane Licholocho, com processo 9-36/2008 e condenado a 22 anos de prisão, foi orquestrada por Bernardo Ibramugi, comandante daquela instituição, a troco dum valor monetário estimado em 25 mil meticais, que, entretanto, se encontra impune.
Abordado pela nossa reportagem, o director da Penitenciária Industrial alegou ignorar o caso, tendo, porém, prometido criar uma comissão de inquérito para o efeito. Caso provarmos a conivência do comandante na retirada do tal recluso, ele irá, também, responder pela medida grande, e devolvê-lo ao comando da PRM, sua proveniência. Afirmou o director. Quembo frisou, ainda, que, de acordo com as leis daquela instituição, só depois da recaptura dos reclusos é que os três agentes implicados deixarão de cumprir o regime de suspensão em que se encontram.
Passamos-lhes credenciais para eventuais apoios que necessitem da comunidade. Observou, a concluir. Refira-se que a Penitenciária Industrial, que acolhe condenados nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Zambézia, dispõe de uma capacidade instalada de 980 presos, mas, neste momento, alberga apenas 840 detidos.