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Ultrapassou a centena o número de mortos das explosões na China e dados iniciais relevam sérias irregularidades

Os primeiros dados divulgados sobre as circunstâncias das duas explosões na quarta-feira num terminal de contentores de Tianjin, no norte da China, revelam graves irregularidades e falta de transparência nas operações da companhia. Quase dois dias depois do acidente, que deixaram pelo menos 104 mortos (21 deles bombeiros), mais de 700 feridos e um número indeterminado de desaparecidos, há mais incógnitas do que certezas, mas o que já foi publicado até agora não desenha um cenário favorável nem para a empresa, nem para o governo.

O primeiro mistério a esclarecer é o que estava realmente no terminal de contentores no porto, propriedade de Tianjin Dongjiang Port Ruihai International Logistics, de 46 mil metros quadrados, segundo a companhia. Gao Huaiyou, subdiretor de segurança do trabalho da Tianjin, disse em conferência de imprensa que “os perigosos produtos químicos que explodiram no terminal de contentores não puderam ser identificados ainda”.

Isso não é possível, explicou, por causa dos danos ocorridos nos escritórios da companhia, mas também por “divergências entre a documentação da empresa e os registos dos clientes”, sem entrar em mais detalhes.

Enquanto a polícia chinesa aponta que estava armazenado principalmente nitrato de amónia, nitrato de potássio e carboneto de cálcio, nos papéis da empresa também aparece Diisocianato de tolueno, altamente tóxico, segundo o site de notícias “The Paper”.

A organização ambientalista Greenpeace assinalou em comunicado que o carboneto de cálcio, entre outros elementos, pode reagir violentamente se entrar em contacto com água.

Esta é, por enquanto, uma das hipóteses para explicar as explosões, que ocorreram numa área nova do porto de Tianjin depois de os bombeiros tentarem apagar um incêndio anterior.

Um dos bombeiros que entrou no armazém afirmou à revista chinesa “Caijing” que ninguém os informou que “havia produtos químicos perigosos que poderiam explodir em contacto com água”.

Outra questão de peso é se o terminal contava com as condições necessárias para trabalhar com produtos “químicos perigosos”, o que não havia quando o armazém foi instalado, em 2012, segundo o “Beijing News”.

Apesar de Gao Huaiyou ter dito que o lugar da explosão tinha sido “redesenhado para armazenar produtos químicos perigosos”, vizinhos e trabalhadores não pareciam estar cientes disso. O jornal publicou que, supostamente, as autoridades ambientais de Tianjin fizeram circular entre Maio de 2013 e Agosto de 2014 uma pesquisa para perguntar se parecia que o espaço de Ruhai era destinado a armazenar produtos químicos de risco, com uma arrasadora resposta positiva.

Por outro lado, residentes locais afirmaram ao jornal não ter recebido essa pesquisa, enquanto o inquilino de uma casa próxima ao lugar das explosões afirmou à Agência Efe desconhecer que essa fosse a incumbência do terminal.

A lei chinesa estabelece que este tipo de componentes devem estar situados a no mínimo um quilómetros de edifícios, mas em Tianjin há casas a uma distância de entre 500 metros e dois quilómetros do ponto da explosão.

“Queremos saber a resposta oficial sobre a distância que havia ente o armazém e os imóveis residenciais”, publicou no Weibo, o Twitter chinês, uma usuária identificada como Shuaishuaida.

Em plena polémica, o tenente do edil de Pequim, Zhang Tingkun, disse que a capital chinesa suspenderá a produção de químicos, tóxicos e explosivos até 6 de Setembro, publicou hoje o “China Daily”.

Antes, o Conselho de Estado (governo chinês) tinha informado que fará uma inspecção nacional para examinar as medidas de segurança nos lugares que armazenam ou trabalham com produtos químicos de risco. Estas iniciativas chegam entre reivindicações da população chinesa de saber “a verdade da explosão”, uma das principais hashtags no Weibo, que um usuário chamado Amomo pediu: “Só queremos saber a verdade: as causas, os responsáveis por esta explosão e daí que se cumpra a lei”.

Por enquanto, o presidente da companhia, Zhi Feng, está sob custódia policial, e nas redes sociais especula-se que seria o filho do tenente do edil de Tianjin, Zhi Shenghua, o que não confirmado oficialmente.

Enquanto isso, os trabalhos de resgate têm sido dificultados devido porque ainda há pequenos incêndios e explosões no lugar da última tragédia industrial deste ano na China, após outras três explosões em fábricas químicas só em 2015, segundo a organização NGOCN, com sede em Cantão, no sul do país.

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