O Grupo Standard Bank, em parceria com a Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres (SOAS, em inglês), realizou, recentemente, a segunda edição da Cimeira do Clima, um evento no qual são discutidas as alterações climáticas no contexto do acesso à energia e da transição energética justa, visando identificar, unificar e elevar as vozes do continente africano, no âmbito da preparação para a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), a ter lugar de 6 a 18 de Novembro próximo, em Sharm El Sheik, no Egipto.
Através deste evento, que reúne investidores, representantes de indústrias, governos, políticos africanos e organizações da sociedade civil, o Grupo Standard Bank pretende oferecer uma plataforma de modo a que várias vozes se juntem ao debate sobre como o continente pode mitigar os efeitos das alterações climáticas, sem, no entanto, comprometer o seu desenvolvimento.
Entre as figuras que participaram no evento, destacam-se as de Mo Ibrahim (Fundação Mo Ibrahim), Nana Akufo-Addo (Presidente do Gana), Félix Tshiseked (Presidente da República Democrática do Congo), Barbara Creecy (Ministra do Ambiente, Florestas e Pescas da África do Sul), assim como de André de Ruyter (Administrador Executivo da Eskom).
À medida que as atenções do mundo se voltam para a COP27, África tem o potencial de ser um actor-chave na economia de baixo carbono. No entanto, a implementação de soluções de mitigação das alterações climáticas requer um capital significativo, daí que o continente tem de dar prioridade à garantia de apoio financeiro, tecnológico e de reforço de capacidades.
O Grupo Standard Bank entende que a mitigação da ameaça das alterações climáticas requer uma maior colaboração entre diversos sectores, para moldar uma voz africana forte que possa impulsionar uma mudança real, reconhecendo o contexto do continente, assim como os seus desafios e oportunidades. É neste sentido que o Grupo Standard Bank está empenhado em contribuir para o crescimento do continente africano, e pretende fazê-lo de forma sustentável e inclusiva, e a Cimeira do Clima afigura-se como uma plataforma de divulgação da sua política climática, apresentada no início deste ano, através da qual se compromete a atingir “zero emissões” até 2050.
Para o administrador delegado do Grupo Standard Bank, Sim Tshabalala, é importante que o continente se torne auto suficiente, pois só assim é que conseguirá responder às suas necessidades energéticas. No entanto, as alterações climáticas também oferecem oportunidades para o continente aproveitar o seu enorme potencial de recursos naturais e tornar-se líder mundial no que diz respeito à agenda de sustentabilidade, o que também cria significativas oportunidades de mercado.
“Haverá enormes oportunidades para os países africanos, enquanto exportadores de energias transitórias e renováveis. O crescimento da nossa capacidade aumentará a base fiscal dos países, o que é essencial para uma soberania eficaz. Permitir-nos-á, igualmente, aprofundar as cadeias de abastecimento global, importante para uma ampla industrialização”, considera.
Ainda no âmbito da sua política climática, o Grupo Standard Bank reservou um total de 250 mil milhões de randes para financiar projectos sustentáveis, até 2026. Desde o lançamento da política, em Março deste ano, já foram financiados projectos no valor aproximado de 40 mil milhões.
Ao nível de Moçambique, o Standard Bank tem promovido iniciativas de protecção e preservação do meio ambiente, através do plantio de árvores em diversas artérias das principais cidades. Em 2019, o banco iniciou um projecto de plantio de árvores ao abrigo do qual já foram plantadas 6.400 árvores de várias espécies nas cidades de Maputo, Matola e Beira.
Nesta empreitada em prol do meio ambiente, a instituição bancária mais antiga de Moçambique tem-se associado aos conselhos autárquicos, Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, universidades e instituições religiosas.
Em Julho, o banco deu início à fase experimental da utilização, na totalidade, de energia solar na agência de Mangungumete, no distrito de Inhassoro, província de Inhambane. Com este passo, prevê-se a redução de custos de energia em 80%, assim como das emissões de carbono pela não utilização de geradores.
Esta iniciativa, inserida na política ambiental do Grupo Standard Bank, prevê a redução destas emissões nas suas operações, nomeadamente em instalações recém-construídas até 2030, e em instalações existentes até 2040.
Das diversas intervenções feitas durante a cimeira, pôde-se depreender que, embora o continente africano deva unir-se ao impulso global para limitar as emissões de gases com efeito de estufa, esta acção deve ser considerada no contexto da transição justa para uma economia de baixo carbono e de uma forma que reconheça e aborde o profundo défice energético nas economias africanas, onde menos de 43% da população tem acesso à energia.
A energia, em geral, sustenta o crescimento económico nos mercados emergentes, nomeadamente em África, onde o acesso energético e fiável é fundamental para o desenvolvimento. Por conseguinte, uma transição que não envolva fontes de energia não renováveis deve ser necessariamente um processo gradual.