O filme de Spike Lee sobre os bastidores do álbum de Michael Jackson de 1987 “Bad” pode beirar às vezes a hagiografia, mas imagens ao vivo e a atenção do cantor aos detalhes quando estava no auge de sua carreira são um lembrete de por que ele continua a ser o “Rei do Pop”.
O documentário de duas horas chamado “Bad 25”, que teve a sua estreia mundial no Festival de Cinema de Veneza nesta sexta-feira, é uma combinação de pessoas falando – coreógrafos, produtores e estrelas – e cenas de shows, ensaios e clipes.
Lançado para coincidir com o 25o aniversário da aclamada sequência de “Thriller”, Lee oferece algumas surpresas para os fãs de Jackson, mas pinta um retrato de um gênio no trabalho que se preocupava com cada etapa do processo de produção.
“Eu acho que foram muitos anos que nós… nos concentramos em coisas sobre Michael Jackson que não tinham nada a ver com a música”, disse Lee a jornalistas, exatamente 25 anos depois do álbum “Bad” chegar às prateleiras.
O documentário, que Lee chamou de sua “carta de amor” a Jackson, tem apoio tanto do espólio do cantor quanto de sua gravadora, dando a Lee acesso a muitos daqueles que foram essenciais na construção do álbum que é considerado um marco.
“Foi uma oportunidade de realmente se aprofundar em seu processo criativo”, acrescentou. “Nós todos estamos felizes com o trabalho final, mas é raro você poder ver como algo é formado. Nós apenas vemos o produto final. Nós não vemos o sangue, suor e lágrimas, todo o trabalho que envolve a maneira como os mestres trabalham.”
Entre as novidades estão imagens filmadas pelo próprio Jackson, usando uma câmera portátil, de Siedah Garrett cantando “Man in the Mirror”, a canção que ela coescreveu com a estrela, uma gravação a capela para um clique fora das câmeras de dedos fazendo a batida.
Há também pequenas, mas esclarecedoras, percepções e indicações sobre o verdadeiro caráter de Jackson, seja o seu interesse nas mulheres, o espírito competitivo, a motivação profissional ou a obsessão com um passo de dança.
Garrett, por exemplo, lembra-se de quando Jackson brincando atirou pipoca nela quando ela tentava gravar “I Just Can’t Stop Loving You”, o que curiosamente fez ela, e não Jackson, levar uma forte repreensão do produtor Quincy Jones, que observava a cena.
A atriz Tatiana Thumbtzen especulou que a hortelã no hálito do cantor sugeriu que ele pode ter sido preparado para um beijo no final do clipe de “The Way You Make Me Feel”, apesar das instruções estritas para apenas abraçar o cantor.
Numa parte mais séria, Lee explora como as raízes negras de Jackson eram importantes para ele, apesar da transformação gradual de suas características faciais que o fez parecer mais branco.
Vários entrevistados não puderam conter as lágrimas quando se lembraram de quando souberam do falecimento de Jackson, e vários expressaram a sua convicção no momento de que não era verdade.