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Soldados quenianos cercam militantes numa cidade da Somália

Tropas quenianas lançaram um ataque antes do alvorecer na cidade portuária somali de Kismayo, Sexta-feira (28), numa operação para expulsar os militantes do Al Shabaab, grupo ligado à Al Qaeda, do seu último reduto importante.

Os moradores disseram que ainda era possível ouvir o barulho dos tiros e bombas na praia nas proximidades de Kismayo, mas que nenhum soldado queniano podia ser visto no centro da cidade, onde alguns imames pediram que os seus seguidores se unissem ao Al Shabaab nas frentes de combate.

A perda do porto no sul do país representaria um enorme golpe ao Al Shabaab, já que ele é uma fonte lucrativa de renda e um centro para operações em áreas controladas pelo grupo no centro-sul da Somália desde 2007.

O grupo, que uniu-se formalmente à Al Qaeda em Fevereiro, tem perdido terreno diante da pressão constante das forças de paz africanas (Amisom) e das tropas do governo no último ano.

Embora a retomada de Kismayo ainda esteja distante de estabilizar a Somália, em boa medida um território sem lei nos últimos 20 anos, a acção pode levar a um recuo dos militantes e a ataques mais ao estilo de guerrilha.

O porta-voz militar do Quénia, o coronel Cyrus Oguna, disse que os soldados quenianos e as tropas do governo somali avançaram sobre Kismayo a partir do norte, do sul e do mar.

“Estamos a mover-nos em direcção à cidade principal. A nossa aeronave de observação monitora todos os acontecimentos que ocorrem em terra”, disse Oguna à Reuters.

Os moradores relataram a ocorrência de confrontos perto da praia mais cedo, Sexta-feira (28), a cerca de 4 quilómetros fora da cidade, enquanto os helicópteros militares sobrevoavam a área. Eles contaram que as lojas foram fechadas e muitas ruas estavam desertas.

Alguns homens mascarados olhavam das janelas e dos terraços. “Podemos ouvir bombas ensurdecedoras e a cidade parece morta. Não sabemos para onde ir, os caças agora estão a sobrevoar”, disse Rukia Jelle, que observava o cenário à frente da casa dela com os seus cinco filhos.

O grupo Al Shabaab, que conta com os combatentes estrangeiros treinados pela Al Qaeda nas suas fileiras, é considerado uma das maiores ameaças à estabilidade no leste e no Chifre da África. Segundo os especialistas em contraterrorismo, tem recebido assessoria da liderança da Al Qaeda.

O grupo cresceu no centro-sul da Somália na esteira de uma impopular incursão etíope no fim de 2006 para expulsar outro governo islâmico, instalando a ordem e infiltrando-se em grandes bolsões da população.

Mas as suas medidas draconianas, que incluem amputações e decapitações, assim como a decisão de bloquear a assistência internacional durante uma epidemia de fome, ano passado, custaram-lhe apoio.

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