Rebeldes que enfrentam as forças do governo sírio em Aleppo disseram estar a preparar-se para um novo ataque, Sexta-feira (10), e os moradores usaram uma ténue pausa nos combates para fugirem de carros lotados de pessoas e bagagens.
Os rebeldes foram rechaçados, Quinta-feira (9), pelas forças governamentais que tentam reafirmar o controle do presidente Bashar al-Assad sobre Aleppo, polo económico e maior cidade do país, numa batalha crucial para um conflito que já dura 17 meses.
“Tenho cerca de 60 homens posicionados estrategicamente na linha de frente, e estamos a preparar um novo ataque hoje”, disse Abu Jamil, comandante rebelde em Aleppo. Os combates concentram-se principalmente no bairro de Salaheddine, no acesso sul da cidade.
“Um dos meus homens está morto e dentro de Salaheddine. Já faz dois dias e não consigo retirar o seu corpo, porque os disparos dos franco-atiradores são muito intensos”, disse Abu Jamil.
Durante uma interrupção dos combates, os jornalistas da Reuters viram moradores a deixarem Aleppo com os seus carros carregados de colchões, geleiras e brinquedos. Pelo menos dois aviões da Força Aérea sobrevoavam a área. Os rebeldes, oriundos principalmente da maioria sunita da população, têm apoio de vários governos ocidentais e árabes.
Já Assad, da seita minoritária alauíta, possui como principais aliados a Rússia e a China, que protegem-lhe de qualquer resolução da ONU que possa implicar sanções. Por causa desse impasse, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse em nota que “não haverá vencedor na Síria”.
“Enfrentamos agora a sombria possibilidade duma guerra civil prolongada destruindo a rica tapeçaria de comunidades entrelaçadas na Síria”, disse o texto lido por um representante de Annan durante uma conferência promovida pelo Irão, Quinta-feira (9), reunindo governos simpáticos a Assad.
Durante o evento, o governo iraniano defendeu negociações “sérias e inclusivas” entre o governo e a oposição. Todas as tentativas de negociação feitas até agora fracassaram, e o impasse levou à renúncia do mediador internacional Kofi Annan.
Os diplomatas disseram que o veterano ex-chanceler argelino Lakhdar Brahimi pode ser nomeado, próxima semana, para o lugar de Annan.