A Síria revelou à agência mundial de monitoria de armas químicas a existência de uma instalação de pesquisa e desenvolvimento e um laboratório para produzir veneno de ricina, disseram as fontes diplomáticas.
A Síria detalhou as três novas instalações à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) como parte de uma análise em andamento sobre o arsenal de armamento tóxico do país, de acordo com três fontes.
As revelações pareceram respaldar afirmativas de governos ocidentais nos últimos meses de que o regime do presidente Bashar al-Assad não havia sido totalmente transparente com a entidade mundial ao detalhar o seu programa de armas químicas.
O governo sírio concordou, no ano passado, em eliminar todo o seu programa de armas químicas depois do ataque com gás sarin a 21 de Agosto que matou centenas de pessoas em Ghouta, localidade nos arredores de Damasco.
Sob o acordo alcançado com Washington e Moscovo, que evitou a ameaça de acção militar dos EUA, a Opaq, entidade com sede em Haia, na Holanda, está a fiscalizar a destruição de 1.300 toneladas de armas químicas que a Síria declarou possuir.
A Síria deveria já ter destruído toda a sua produção, conteúdo e armazéns, mas ainda possui 12 galpões de cimento e instalações subterrâneas, que devem ser destruídas nos próximos meses.
As novas revelações descritas por diplomatas são parte de uma análise em andamento sobre as “discrepâncias” da declaração inicial da Síria à Opaq, sobre a qual, segundo a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, havia receio de que não constasse alguns químicos, como o sarin.
O risco de que esse tipo de produtos caia nas mãos de militantes linha-dura cresceu com o avanço das forças do Estado Islâmico, que tomaram grandes faixas de territórios no Iraque a na Síria nos últimos meses.
A Síria nunca declarou ter usado sarin ou os foguetes que foram usados para matar mais de 1.000 pessoas, e culpou os insurgentes pelo pior ataque de armas químicas dos últimos 25 anos. O governo sírio revelou dezenas de locais para a Opaq no ano passado, mas informou agora à equipe de inspectores mais três instalações.
Uma é um laboratório para explorar a altamente tóxica ricina, um local que, segundo as autoridades sírias, está inacessível aos inspectores por causa da batalha entre os insurgentes e as forças do governo, segundo as fontes.
Uma segunda fonte diplomática, também falando em condição de anonimato, disse que uma fábrica de ricina havia sido destruída antes de a Síria ter contribuído com a Opaq.
Uma terceira locação “com pequenas quantidades de trabalho experimental” foi utilizada para o desenvolvimento de armas químicas, disseram duas fontes diplomáticas em Haia. Os representantes da Opaq não puderam ser imediatamente contactados para comentários.