O governo da Síria prometeu desmilitarizar as cidades do país até o dia 10, abrindo caminho para um cessar-fogo com os rebeldes, dois dias depois, embora, Segunda-feira, os diplomatas ocidentais tenham se mostrado cépticos quanto à perspectiva de fim da violência.
Kofi Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe, falou a portas fechadas ao Conselho de Segurança da ONU sobre esse prazo, dizendo que até agora não houve redução da violência, mas aconselhando o envio duma missão de observação a despeito disso, segundo os diplomatas.
A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, que preside o Conselho em Abril, disse que alguns dos 15 membros “expressaram a preocupação de assegurar que o governo da Síria não use os próximos dias para intensificar a violência, e expressaram algum cepticismo sobre a boa-fé do governo sírio a esse respeito”.
O presidente sírio, Bashar al Assad, não cumpriu várias promessas de suspender a violência contra os activistas de oposição que, há um ano, mobilizam-se para derrubá-lo, numa situação que ganha cada vez mais contornos de guerra civil.
Annan disse ao Conselho que o chanceler sírio enviou-lhe uma carta, Domingo, a anunciar aceitar o prazo proposto.
“Os sírios disseram-nos que estabeleceram um plano para retirar as suas unidades do Exército de zonas habitadas e arredores. Esse plano (…) será concluído até 10 de Abril”, disse Ahmad Fawzi, porta-voz de Annan, em Genebra.
“Se formos capazes de verificar que isso aconteceu no dia 10, então o relógio começa a correr para o cesse das hostilidades, por parte da oposição também. Esperamos que ambos os lados cessem as hostilidades em 48 horas”, afirmou o porta-voz à Reuters.
O embaixador da Síria na ONU, Bashar Ja’afari, confirmou aos jornalistas que Assad aceitou o prazo de 10 de Abril, mas disse que o governo espera a adesão da oposição.
“Um plano não será bem sucedido se todos não estiverem comprometidos”, afirmou.
A Rússia e a China até agora opuseram-se a todas as tentativas do Conselho de Segurança para pressionar a Síria, mas os participantes disseram que o representante russo, Vitaly Churkin, não manifestou reservas ao prazo de 10 de Abril no seu pronunciamento a portas fechadas, Segunda-feira.
Ele não falou com os jornalistas. Diplomatas dizem que o Conselho de Segurança pode tentar emitir, nos próximos dias, uma declaração a endossar formalmente o prazo.
Os activistas sírios disseram que a violência continuou inalterada, Segunda-feira, e há relatos de que 35 pessoas foram mortas, incluindo oito soldados e nove rebeldes.
Cerca de 40 mil sírios já refugiaram-se do conflito na vizinha Turquia, cujo governo diz continuar a receber cerca de 400 indivíduos por dia.
O presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha chegou, Segunda-feira, a Damasco, para insistir num cessar-fogo diário de duas horas para a retirada dos feridos e a entrega de mantimentos aos civis nas áreas conflagradas.
A proposta, inicialmente feita em Fevereiro, já foi rejeitada uma vez. A ONU estima que mais de 9.000 pessoas tenham sido mortas pelas forças de segurança sírias, no último ano.
O governo de Assad afirma que os “grupos terroristas armados”, patrocinados por potências estrangeiras, já mataram 3.000 soldados e policiais.