Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Show do Óscar volta à zona de conforto em 2012

Quando subir o pano para a cerimónia do Oscar, este Domingo, em Los Angels, nos Estados Estados Unidos da América, o nervosismo irá tomar conta da plateia, como sempre, mas para quem estiver a ver pela TV, certamente, será um ano mais tranquilo.

Depois de várias edições tentando apimentar o prémio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas com apresentadores badalados, o mestre de cerimónias, este ano, pela nona vez, será Billy Crystal, o que dá ao telespectador uma certa sensação de conforto e previsibilidade.

Os filmes favoritos -“O Artista”, “Histórias Cruzadas” e “Os Descendentes”- reúnem familiaridade, comédia, amor, humanidade e triunfo do espírito, em contraste com os ganhadores de melhor filme nos anos anteriores, mais sombrios, como “Guerra ao Terror” e “Onde os Fracos Não Têm Vez”.

E, este ano, pode ser histórico nas categorias para actores. Parece que os eleitores do Oscar tiraram uma lição do ganhador do ano passado, o alto-astral “O Discurso do Rei”, ou talvez das plateias que preferem fábulas escapistas como “Avatar” a histórias de guerra e desgraça.

Seja como for, o eleitorado da academia parece em sincronia com o apetite dos fãs por entretenimento, e não há ninguém mais adequado para celebrar Hollywood do que Crystal, de 63 anos, astro cómico das décadas de 1980 e 1990, em filmes como “Harry e Sally” e “Amigos, Sempre Amigos”.

“Billy é a versão como apresentador da comida saudável, saborosa e familiar, mas não muito picante”, disse o colunista de cinema do Entertainment Weekly, Dave Karger. Crystal e os produtores mantêm o bico calado sobre o que ele tem na manga para a noite do Oscar.

Mas é provável que o apresentador comece, como noutros anos, editando-se comicamente num vídeo com cenas de filmes importantes.

Comparando Crystal ao desbocado comediante Ricky Gervais, que apresentou o Globo de Ouro, o coprodutor Don Mischer disse que “Ricky é entretenimento e tal, mas não acho que o Oscar seja lugar para ser mal humorado, nem para pegar pesado com as pessoas”. Então sente-se, relaxe e divirta-se com as disputas.

“O artista” x “histórias cruzadas”

Sem diálogos, ambientado na época da transição de Hollywood do cinema mudo para o sonoro, “O Artista” conta a história de um astro decadente que encontra a redenção no amor. Ele chega à noite de Domingo como franco favorito ao Oscar de melhor filme, o prémio mais cobiçado.

O filme tem dez indicações, perdendo apenas para “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese, outra homenagem aos primórdios do cinema sobre um menino perdido que tenta encontrar o caminho de casa.

Mas muitas das indicações de “Hugo” são em categorias técnicas, como montagem, e não nas mais prestigiosas, como as de actor e actriz.

Já “O Artista” concorre nas principais das 24 categorias, incluindo melhor actor (Jean Dujardin), melhor actriz coadjuvante (Berenice Bejo), direcção e roteiro (Michel Hazanavicius).

“É divertido, é emocionante, é sobre a indústria, e o artista, e todas essas coisas têm apelo para as pessoas”, disse o veterano observador do Oscar e fundador do MovieCityNews.com, David Poland.

“Esse é o filme que fez as pessoas sentirem-se bem.” Se “O Artista” é o filme a ser batido, o único com chances disso é “Histórias Cruzadas”, sobre empregadas negras de famílias brancas na década de 1960 no sul dos Estados Unidos.

O seu enredo triunfante cativou a academia e ele tem duas favoritas ao Oscar de actuação: os actores formam o maior grupo de eleitores do prémio. Viola Davis, que interpreta uma empregada, trava uma disputa acirrada com Meryl Streep, que vive a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher em “A Dama de Ferro”.

Davis levou o prémio da Liga dos Actores e isso sugere um favoritismo dela sobre Streep, indicada 17 vezes, com duas vitórias. “Numa disputa apertada, a academia vai para a actuação que mais lhe comoveu”, disse Karger. “Sim, Meryl teve uma grande actuação, mas é Viola Davis que tem a carga emocional.”

Michelle Williams corre por fora como a Marilyn Monroe de “Sete Dias com Marilyn”. As outras indicadas são a novata Rooney Mara em “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, e Glenn Close, caracterizada como homem, no pouco visto “Albert Nobbs”.

O outro grande trunfo de “Histórias Cruzadas” é Octavia Spencer, favoritíssima contra Berenice Bejo como actriz coadjuvante. Se Spencer e Davis levarem a estatueta, será a primeira vez na história que duas afro-americanas ganham o Oscar pelo mesmo filme.

Actores e director

Jean Dujardin tem facturado todos os prémios da temporada com a sua actuação sem palavras, e os únicos páreos para ele são George Clooney, como um pai que tenta manter a família unida numa crise, em “Os Descendentes”, e Brad Pitt como o ganancioso executivo do beisebol em “O Homem Que Mudou o Jogo”.

Mas, por mais que Clooney seja o queridinho de Hollywood, “Os Descendentes” não encantou a academia como “O Artista”, e “O Homem Que Mudou o Jogo” não é um concorrente forte.

Outros indicados a melhor actor são Gary Oldman, por “O Espião Que Sabia Demais” e Demian Bichir, por “A Better Life”.

Na categoria de melhor actor, Christopher Plummer e Max Von Sydow, ambos de 82 anos, podem tornar-se o mais idoso ganhador de um Oscar na história. Finalmente, há a acirrada disputa na categoria de melhor director, em que defrontam-se o realizador Scorsese, de “Hugo”, e o sonhador Hazanavicius, de “O Artista”, com Alexander Payne, de “Os Descendentes”, correndo por fora.

Hazanavicius parece na frente, e já levou o prémio da Liga dos Directores, este ano, mas Scorsese é um eterno favorito.

Os especialistas dizem que as primeiras categorias já dão pistas sobre o grande vencedor, e se “O Artista” começar a acumular troféus em quesitos técnicos, como figurino e fotografia, terá mais chances de sair aclamado.

Se não, a categoria de melhor filme ficará em suspense até que o último envelope seja aberto. “Pode ser um ano interessante”, disse Poland, do MovieCityNews.com. “A outra coisa é que pode ser exactamente o que todos esperam.”

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts