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Shared Accord 2010: Militares moçambicanos e americanos em manobras conjuntas

Shared Accord 2010: Militares moçambicanos e americanos em manobras conjuntas

Cerca de 800 militares das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e 760 dos Estados Unidos participam, desde o passado dia três, em exercícios militares denominados Shared Accord 2010 que se irão prolongar até ao próximo de 13 de Agosto, visando, entre outros aspectos, a troca de experiências em operações de manutenção da paz.

Se houvesse em Moçambique um lugar ao qual pudéssemos chamar a “nova base” militar norte-americana, ficaria algures no distrito da Moamba, onde se encontram cerca de 760 militares americanos dos três ramos das Forças Armadas dos Estados Unidos, na sua maioria fuzileiros. Os residentes da Moamba sabem dizer apenas que “os americanos estão aqui para dar uma formação os soldados moçambicanos.

Segundo o comadante do ramo do exército das FADM, Major-General Graça Chongo, não se trata de formação mas um “simples treino e troca de experiências em operações de apoio à paz”. Sossegados, impenetráveis e acampados no Quartel de Batalhão de Operação de Apoio e Manutenção de Paz, passariam despercebidos não fossem as diversas e enormes viaturas militares que ostentam, além de estarem fortemente armados.

A presença dos soldados americanos naquele distrito insere-se no quadro das manobras conjuntas, Shared Accord 2010, que também já se realizaram noutros países africanos, tais como Benin, Gana e Senegal. Do lado moçambicano, estão cerca de 800 militares, quase invisíveis diante dos americanos, notando-se neles uma certa timidez. Afinal, a disparidade de meios militares é gritante. E, por alguma razão, era interdito – qual fruto proibido – aos jornalistas, fotográfos e operadores de câmara entrevistarem os soldados e fazerem quaisquer tipos de imagens do acampamento e materiais militares.

“Então, o que viemos fazer aqui?”, perguntavam os homens da Comunicação Social.

Depois de alguma pressão, a parte americana cedeu enquanto a moçambicana continuou relutante. “As ordens são para ser cumpridas”, diziam os responsáveis pelo sistema de segurança, enquanto verificam se havia imagens daquele recinto em algumas máquinas.

Os exercícios militares, que são dos maiores envolvendo tropas norte-americanas ao sul do Equador, decorrerão durante dez dias e consistem em diversos treinamentos, incluindo o posto de comando, treino de live fire e operações para o apoio à paz, sobretudo de estabilização e troca de experiências bem como acções de carácter humanitário, nomeadamente a disponibilização de tratamento médico, a restauração de duas escolas e o abastecimento de água potável à população local.

No âmbito daquela actividade, a Escola Primária da Moamba passou a ostentar um novo aspecto fruto das obras de restauro que valorizaram o imóvel. Os trabalhos, que consistiram na pintura da parte interior e exterior das salas de aula, na colocação de janelas e portas e na reabilitação de quatro casas para os professores, foram realizados conjuntamente pelas tropas moçambicanas e americanas. A Escola Primária de Sabié também irá sofrer obras de reabilitação.

No Centro de Saúde de Sabié, os estomatologistas, os oftamologistas e os médicos gerais do exército americano vão providenciar tratamento à população. Na unidade sanitária de Tenga foi substituído o tanque de água e a respectiva bomba. A cerimónia As instalações do quartel de formação do batalhão das FADM para as operações de paz foram o palco da cerimónia oficial de lançamento dos exercícios.

A mesma foi precedida da realização de uma cerimónia tradicional, o kuphahla, dirigida pelo régulo Macamo que procedeu a preces para que a paz prevaleça no país, as manobras decorram sem sobressaltos e também aproveitou ocasião para orar pela figura do chefe de Estado. Durante o lançamento do Shared Accord, assistiu-se a uma parada militar envolvendo as tropas de ambos os países.

Também houve apresentação de algumas actividades culturais, principalmente a dança. Escolhidos a dedo, as jovens mulheres e algumas senhoras de idade, ostentando camisetas com os símbolos do partido no poder, abrilhantaram a festa dançando e entoando algumas canções que desde o princípio até ao fim cuja letra consistia em apenas três palavras: Armando, Emílio e Guebuza.

Já os petizes com idades compreendidas entre 10 a 13 anos previamente preparados e com a lição já estudada não se fizeram de rogados e deram um verdadeiro espectáculo dançando o Xigubo. De acordo com o representante das FADM, os exercícios vão permitir a “busca de plataformas de optimização da participação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique na missão que visa contribuir para o esforço de pacificação de territórios dilacerados por conflitos armados”.

Chongo salientou a necessidade de provisão de recursos de modo a que o país tenha capacidade para a fiscalização marítima. Por sua vez, o comandante do contingente norte-americano nas manobras conjuntas, Coronel Burke Whitman, afirmou que os exercícios estão virados para a “assistência em território firme”, porém, notou que, nas próximas vezes, os mesmos poderão incluir a protecção da costa marítima.

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