O auto-proclamado xeique por trás do ataque a um café em Sydney havia sido acusado como cúmplice de assassinato e de múltiplas ofensas sexuais. Ele também guardava profundos ressentimentos contra o governo australiano e possuía poucos amigos na grande comunidade muçulmana da cidade, onde ele era visto como problemático.
Man Haron Monis, um refugiado iraniano descrito por aqueles que o conheciam como um homem solitário, foi morto na terça-feira de manhã (horário local) após a polícia ter invadido um café e encerrado um incidente com reféns que já durava 16 horas e que chegou às manchetes globais.
No ano passado, Monis foi acusado como cúmplice do assassinato por esfaqueamento de sua ex-esposa, que foi incendiada num conjunto habitacional em Sidney. Ele foi acusado neste ano em mais de 40 relatos de abuso sexual contra mulheres na cidade, de acordo com documentos judiciais. Ele também foi considerado culpado em 2012 de enviar cartas ameaçadoras às famílias de oito soldados australianos mortos no Afeganistão e sentenciado a dois anos de prisão, embora tenha cumprido apenas uma parte dessa pena.
As acusações e a condenação, assim como as declarações públicas feitas por Monis em seu site, levantaram questões na mídia australiana sobre se as autoridades deveriam ter tomado mais medidas para monitorá-lo.
O primeiro-ministro do país, Tony Abbott, disse a repórteres que Monis era bem conhecido pela polícia. Quando questionado por um jornalista se foi apropriado ter concedido finança a Monis na sua acusação de assassinato, o primeiro ministro do Estado de Nova Gales do Sul, Mike Baird, não quis comentar.
O site de Monis, agora tirado do ar pelas autoridades, dava uma ideia de um homem irritado com a Justiça australiana e com mensagens sobre o que consideravam ser injustiças contra muçulmanos no Iraque e no Afeganistão. “Man Haron Monis … tem continuadamente estado sob ataque e falsas acusações do governo australiano e a imprensa desde que começou sua campanha de cartas políticas em 2007”, escreveu Monis no seu site. Ele também criticou o que disse ser uma decisão de um tribunal de evitar que ele visse seus filhos. “Os seus filhos foram retirados dele pelo governo australiano e ele não tem permissão de visitá-los ou nem mesmo ligar para eles”, escreveu.
O advogado criminal Adam Houda, que representou Monis no caso das cartas enviadas às famílias dos soldados, o descreveu como um solitário profundamente inquieto, totalmente à parte da unida comunidade muçulmana de Sydney. “Ele era um sujeito muito, muito, muito incomum, e não tinha afiliações com nenhum grupo. Ele operava sozinho. Ele era um lobo solitário”, disse Houda à Reuters.
Uma fonte próxima a islamistas baseados em Sydney, falando em condição de anonimato, disse que Monis não pertencia a nenhum grupo radical local, e que os líderes locais o viam com desprezo.