Sem fundos próprios para investir e com contas dúbias a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) endividou-se junto dos outros accionistas do Projecto de Gás Natural Liquefeito Golfinho/Atum para viabilizar uma parte do seu quinhão na Decisão Final de Investimento. Para o financiamento bancário do Projecto da Área 1 a ENH continua em negociações com Agências de Crédito embora tenha como colateral a Garantia Soberana já emitida pelo Governo de Filipe Nyusi.
O investimento total para a exploração do gás natural existente no Campo Golfinho/Atum da Área 1 offshore é de 22 biliões de Dólares norte-americanos dos quais 14,4 biliões serão financiados através de créditos bancários apurou o @Verdade no Decreto 51/20019, de 16 de Junho.
O valor remanescente está a ser financiado com fundos próprios de cada um dos sete acionista: a norte-americana Anadarko (26,5 por cento), a japonesa Mitsui (com 20 por cento), as indiana ONGC (16 por cento), Barhat Petro Resources (10 por cento) e Oil India (4 por cento), a tailandesa PTT Exploration & Production (8,5 por cento) e a moçambicana ENH (15 por cento). Contudo o braço comercial do Governo Moçambicano no sector de Petróleos e Gás, a ENH, não tem fundos próprios suficientes para materializar este investimento.
As últimas contas auditadas remontam a 2017 e enfermam de graves irregularidades contabilísticas revelas pelo @Verdade.
Por ocasião da Decisão Final de Investimento o @Verdade questionou a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos como iria financiar a sua parte que deveria efectuar com capitais próprios no entanto a instituição dirigida por Omar Mithá não respondeu aos pedidos de esclarecimentos formais, embora seja sempre muito prestativo em conceder entrevistas propagandistas.
Incansável na busca da verdade questionamos o ministro de tutela, Ernesto Max Tonela, que revelou ao @Verdade que enquanto a ENH está a negociar com agências de crédito à exportação dos Estados Unidos da América, África do Sul, Itália, Japão e China a parte bancária a componente de “capital próprio foi garantido por outros accionistas”.
O endividamento junto dos seus parceiros de concessão foi também a solução encontrada em 2017 pela ENH para financiar a sua participação de 800 milhões e Dólares norte-americanos na exploração do Campo Coral Sul da Área 4 offshore.
Por outro lado @Verdade apurou ainda que o arrastar das negociações com as agências de crédito à exportação, mesmo já tendo Garantia Soberana do Estado moçambicano, deve-se a tentativa de obter melhores taxas de juro que poderiam ser conseguidas caso Moçambique chegasse a acordo com os credores da dívida ilegal e inconstitucional da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM).
Recorde-se que o Presidente Filipe Nyusi declarou no passado dia 31, durante a apresentação do seu informe à Assembleia da República, que apesar da declaração de inconstitucionalidade e nulidade feita pelo Conselho Constitucional o seu Governo mantém a vontade de reestruturar a dívida da EMATUM até Setembro.
Contas feitas pelo @Verdade indicam que a ENH, sem incluir ainda o endividamento que vai precisar para participar do investimento no Projecto do Campo Mamba/Prosperidade, terá dívidas que ascendem aos 5,5 biliões de Dólares norte-americanos com dezenas de credores que não estão publicamente identificados e em condições de pagamento que são desconhecidas do povo, que é o principal dono da empresa.