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SELO: Vamos boicotar este filme de terror!*

Não tenho idade suficiente para falar com segurança e com a voz de experiência sobre os processos eleitorais em Moçambique. Mas uma pequena vasculha nos livros de história e com os contos daqueles que detém um pouco mais anos de vida, consigo ter uma ideia geral de quão insensível tem sido a actuação dos pseudo-políticos nacionais, tendo o expoente mais alto o zumbi denominado Dhlakama.

Desde os primeiros processos eleitorais, em 1994, dois anos após o meu nascimento, o povo moçambicano nunca viveu os momentos felizes de que tanto anseia.

Cria-se um ar de satisfação e concórdia mútua quando se está nas véspera de eleições. Todos os irmãos desavindos, desencontrados e zangados encontram consenso, apertam as mãos e vociferam nos media que as coisas andam bem. Tudo isto para criar uma ilusão de paz “eterna” entre os moçambicanos. Mal que decorre o processo eleitoral, o disco muda: são reclamações daqui a acolá, alegando-se fraudes.

Na desculpa de terem sido injustiçados alguns acham-se no direito de exigir a suposta verdade eleitoral, usando o povo como o seu escudo.

Sempre houve massacres logo após processos eleitorais. No meu distrito Angoche, posto administrativo de Aúbe, por exemplo, em 1999, logo após as II Eleições Gerais, assistiu-se uma reedição daquilo que se pode considerar imitação da guerra colonial ou da luta pela supremacia entre as potências ocidentais: Acontece que a Renamo, exigindo a reposição daquilo que considerou de justiça eleitoral, decide manifestar-se e as forças a favor do Estado, sem dó nem piedade, abriram fogo matando cerca de meia centena dos meus irmãos. Tudo passou em branco. Ninguém sequer foi responsabilizado pelo acto canibal.

E a história continua. Vamo às eleições com a promessa de paz “eterna”, terminado o processo temos que pagar com o nosso sangue a fúria daqueles que acham ser roubados. Prometem governar, jurando até com as almas das suas mães, no fim do dia convidam-se em regabofes e celebram irmandade.

Compatriotas, Vamos parar e pensar: quantas vidas foram tiradas por causa de ganância pelo poder de alguns, em particular o líder da Renamo, Afonso Dhlakama?

A intenção do texto não é discutir se os processos eleitorais têm sido justos ou não. E sim questionar o modus opperandi dos pseudo-políticos nos momentos antes, durante e pós-eleitorais: temos promessas de concórdia e meia-volta somos brindados com lutos nas nossas famílias.

Quantas vezes o cidadão Dhlakama jurou governar este país custasse o que custar? Recordo-me do seu discurso proferido aquando do seu segundo encontro com o actual chefe de Estado a 9/02/2015, em que disse: “Aquela gente que vocês vêem nos comícios vai fazer manifestação. Mesmo se mandarem matar, o Governo vai cair”.

De facto, aquela gente dos comícios foi morta feito galinhas. A pergunta que coloco é: que Governo é esse que caiu? O Governo de Gorongosa? O seu Governo, senhor Dhlakama?

Compatriotas, a experiência já mostrou que sempre que nos prometem paz e sucessos logo após às eleições, a factura que pagamos é a nossa própria morte. Uma espécie de acordar com o anjo da morte logo depois que saímos das urnas para levar nossas almas de forma mais cruel.

Quanta gente morreu injustamente por motivos políticos? Que ninguém se engane com aparente reconciliação entre os beligerantes. Enquanto fingem conversar, às escondidas, estão a limpar as espingardas para nos usarem como carne de canhão. Vamos boicotar este filme de terror!

*Divulgado anonimamente, a pedido do autor

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