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SELO: Uma breve abordagem sobre Educação Alimentar III, por Basílio Macaringue

Conforme foi visto nos capítulos anteriores, o ser humano precisa de uma boa alimentação diária para conseguir manter a disposição e o foco em todas as suas actividades realizadas em sua rotina, garantindo melhorias em sua qualidade de vida e prevenindo doenças. Face a essa crescente necessidade, nasceu a Educação Alimentar que, conforme já foi mencionado nos capítulos anteriores, desempenha um papel importante em relação ao processo de transformação e evolução, à recuperação e promoção de hábitos alimentares saudáveis, podendo proporcionar conhecimentos necessários à tomada de decisão de formar atitudes, políticas alimentares saudáveis e variados, etc.

Sendo assim, com a ajuda dos alimentos certos o ser humano se torna capaz de potencializar suas habilidades e de realizar qualquer tipo de função com maior flexibilidade, garantindo a melhoria no seu rendimento diário e maior nível de atenção em determinados assuntos. Nesse contexto, a necessidade de controlar os hábitos alimentares constitui um assunto de maior preocupação na actualidade e está fundamentalmente associada às políticas públicas e aos programas de saúde, que buscam adequar e melhorar o estado de saúde da população, incluindo a prática de actividades físicas. Não obstante, conforme igualmente foi referido nos capítulos anteriores, a promoção da educação alimentar contribui para a proteção e promoção da saúde através de uma alimentação adequada e saudável, determinando um crescimento e desenvolvimento do ser humano conforme as políticas em alimentação e nutrição, contribuindo de maneira significativa no controlo da prevalência de doenças crónico-digestivas. No presente capítulo vamos falar sobre a composição e funcionamento dos alimentos no nosso organismo. O conhecimento sobre a composição dos alimentos serve de base à caracterização dos problemas nutricionais, à elaboração de legislação e de políticas de nutrição e ao estudo da relação entre alimentação e estado de saúde ou doença de indivíduos e populações. Importa referir, antes, que as células do nosso organismo necessitam de substâncias que são fornecidas pela alimentação para permitir o seu crescimento e a sua diferenciação. Nesse caso, tanto o consumo abusivo quanto a frequência de consumo de alimentos de um único grupo alimentar (quer sejam vitaminas, proteínas, lípidos ou de energia concentrada) pode levar o individuo a desenvolver desnutrição ou malnutrição. A malnutrição é cientificamente definida como uma patologia de origem nutricional causada pela ingestão excessiva dos alimentos, acima das necessidades diárias para o individuo. Isto é, um estado patológico resultante da ingestão excessiva de nutrientes. Já a desnutrição consiste num estado patológico caracterizado pelo desequilíbrio nutricional que resulta da insuficiência ou deficiência na ingestão de alimentos, ingestão inadequada dos alimentos ou mesmo pela má absorção dos nutrientes. Quando os alimentos escasseiam ou quando a alimentação é desequilibrada, o indivíduo pode envelhecer precocemente, apresentar baixo desempenho intelectual e se tornar vulnerável a desenvolver uma série de doenças, podendo ainda desenvolver uma estatura física do seu organismo com dificuldades. Nesse caso, para manter o equilíbrio biológico é necessário fornecer ao organismo os alimentos não só em quantidades suficientes, como também em composição nutricional necessária. Assim, um alimento é nutritivo quando colabora ou sustenta os processos de manutenção da vida, e, por sua vez, um alimento bom pode se tornar perigoso quando ingerido em excesso ou em condições inapropriadas. Em outras palavras, a alimentação diária do individuo deve variar constantemente, de forma a suprir todas as carências relacionadas com as suas actividades biológicas. Conforme foi descrito no capitulo1, a alimentação tem suas leis, nomeadamente: Da quantidade – segundo a qual a quantidade de alimentos deve ser suficiente para cobrir as exigências energéticas do organismo e manter em equilíbrio o seu balanço. As diferentes actividades realizadas, também, determinam as diferentes exigências calóricas; Da qualidade – a que estabelece que a composição do cardápio alimentar deve ser completo para fornecer ao organismo uma unidade indivisível de todas as substâncias que o integram; Da harmonia – segundo esta lei, as quantidades dos diversos nutrientes que integram a alimentação devem guardar uma relação de proporção entre si; e Da adequação – no referente a este aspecto, importa salientar, primeiro, que a finalidade da alimentação está subordinada à sua adequação ao organismo. Nesse contexto, a adequação em questão está subordinada ao momento biológico da vida e, além disso, deve adequar-se aos hábitos individuais, à condição sócioeconómico da pessoa e em relação ao seu sistema digestivo e aos órgãos ou sistemas alterados por alguma enfermidade. De acordo com a composição, os alimentos podem ser agrupados em quatro grupos fundamentais, nomeadamente: alimentos de base (constituídos por cereais e tubérculos- fornecem energia ao organismo), alimentos protectores (constituídos por vitaminas, sais minerais e agua- exercem a função de protecção do organismo contra agentes causadores de doenças), alimentos construtores (fornecem proteínas) e, por último, alimentos de energia concentrada (os quais fornecem lípidos). A proteína é a única fonte alimentar de nitrogénio do organismo e contém 16 % de nitrogénio. O nitrogénio retido no organismo é usado para a síntese de proteínas. Exemplos de balanço positivo de nitrogénio são o crescimento, a gestação, a reparação de tecidos e o desenvolvimento muscular. A proteína ingerida, além de necessária para o crescimento e reparação de tecidos, pode ser convertida em hidratos de carbono (quando sua ingestão é reduzida), e é usada como combustível ou ser armazenada como gordura. As vitaminas e os minerais estão presentes em grande variedade de alimentos. Cada um desses nutrientes é importante, pois exerce funções específicas, essenciais para a saúde das nossas células e para o funcionamento harmonioso entre elas. No entanto, para atingir as recomendações de consumo desses nutrientes, o seu fornecimento através dos alimentos deve ser diário e a partir de diferentes fontes. Não é correcto, nesse caso, por exemplo, supor que uma boa alimentação é constituída somente por vitaminas ou por proteínas, porque aumentam a resistência do organismo ou substituem com vantagem os outros nutrientes. Pelo contrário, uma boa alimentação implica consumir alimentos em quantidade e qualidade necessárias, de acordo com a faixa etária, condição física, estado patológico, actividades que exerce. Próximo capítulo: o índice da desnutrição em Moçambique.

 

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