A população de Malema já reclamou sobre as atitudes de má governação do senhor Dauda Mussa. A queixa foi feita em duas reuniões de comício de dois governadores, Felismino Tocoli e Cidália Chaúque, mas a Frelimo e o seu governo provincial simplesmente desprezaram a situação.
Ignorando todo o clamor da população de Malema, perante as atrocidades de Dauda Mussa, administrador deste ponto, eis que depois de muito silêncio a Frelimo e o seu governo provincial decidiram, em cumprimento da decisão do Presidente Filipe Nyusi, cessar as funções daquele regionalista, que perante o facto logo convocou um breve encontro com os funcionários de Estado para se despedir.
A reunião decorreu na sala de cessões do governo distrital. Na cessação o que se disse é que a destituição enquadrava-se na necessidade de movimentação de administradores em vários distritos.
Curiosamente, no distrito de Malema só destituíram o senhor Dauda Mussa mas não se indicou o sucessor. Por isso, até agora o cidadão continua em funções, apesar de se ter despedido da população. A Frelimo e o seu governo não encontram outro quadro para governar em Malema?
Para a Frelimo o único indivíduo capaz de governar Malema é Dauda Mussa que transformou este distrito num império “angocheano”. Ele foi, recentemente, chamado para se apresentar na secretaria provincial e quando regressou deu indicações de que vai continuar a colonizar Malema depois de se ter despedido parcialmente retirando os seus bens do palácio.
Outros distritos já têm administradores novos e já tomaram posse. E o povo de Malema qual é o crime que cometeu para a Frelimo e o seu regime a ponto de merecer este tamanho desprezo? Há duas interpretações que sustentam esta desgraça:
1. O senhor Dauda Mussa é servidor duma rede de corrupção instalada na Frelimo em Nampula e no governo provincial, que alimenta o enriquecimento dos devassos deste partido no poder. Contra todos os actos ilícitos de governação desastrosa do visado, o governo provincial sempre mostrou indiferença. E essa forma de dirigir é o modus operandi da Frelimo, que consiste em indicar indivíduos incompetentes para o enriquecimento ilícito.
2. O senhor Dauda Mussa está protegido com recurso a tratamento tradicional que recebeu de curandeiros de Lalaua e foi preparado pelo seu amigo Assupair, bem como pelos curandeiros tanzanianos que foram vistos, por várias vezes, no seu palácio. Eis alguns dos males mais gritantes e hediondos que o senhor em alusão causa ao povo de Malema:
– Logo que chegou a Malema, Dauda Mussa declarou em comício que o povo e os líderes comunitários não são nada, o governo e Allah é que são os donos do mundo. Daí, o relacionamento entre o seu governo e os chefes locais é muito azedo.
– De lá para cá, assiste-se a sucessivos focos de atitudes de incoerência na sua governação, estando a promover o regionalismo e a arrogância no distrito. Nos seus comentários públicos ele fala de viva voz que Malema é uma colónia de Angoche, sua terra de origem. E, por via disso, todo o indivíduo conterrâneo dele tem todas as facilidades e oportunidade de vida em Malema.
– É a primeira vez na governação da Frelimo que um administrador fica contra, humilha e despreza o próprio povo que dirige. O senhor Dauda Mussa tem atitudes que sugerem ser um contra a Frelimo, mas fortemente apadrinhado por outros infiltrados que querem manchar, a todo o custo, a imagem do partido. O conselho consultivo abrangente foi desactivado e substituído por elementos lambe-botas que só aplaudem o enriquecimento da rede.
– No distrito de Malema, o fundo de sete milhões de meticais apenas é alocado com base no amiguismo e aos conterrâneos. O resultado disso é que as pessoas levam o dinheiro e não o aplicam em actividades para os quais os fundos foram alocados.
– Criou-se uma elite burguesa em Malema constituída por Dauda Mussa, Rui Tomás, Geraldo Siquela e um tal Abdala, chefe da contabilidade do governo local, Graciano Joaquim, chefe do posto administrativo, e Ali Atinane, que é secretário permanente. Todos eles enriquecem sem transparência. Todos estes são membros da equipa de Dauda Mussa.
– Não há colaboração e interacção entre o governo, partido e município. Reina, em Malema, uma especulação de preços e, por conseguinte, a vida está mais cara.
– O distrito de Malema está parado, compatriotas.
Por Jorge Valente