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SELO: Quando a educação é a única “carta na manga” – Basílio Macaringue

EDUCAÇÃO significa um meio de transmissão de hábitos, costumes, concepções e valores de uma sociedade de modo a moldar o comportamento do ser humano e torná-lo útil a sociedade a que pertence.

Nas famílias tradicionais, a hora do jantar constitui um momento de transmissão de valores morais, partilha de experiências de vida, de histórias sobre a família, dos problemas pessoais, etc. Daí nasceu a necessidade de reunir-se à volta da fogueira para uma conversa em família.

Nas famílias modernas, por um lado, muitas vezes as refeições noturnas não têm sido em família completa e nalguns casos enquanto se janta acompanha-se programas televisivos, deixando, deste modo, o debate familiar de lado. Por outro lado, devido à crescente necessidade de garantir o pão do dia-a-dia e demais necessidades humanas, o contacto familiar não tem sido frequente.

Em todo caso, nenhuma família está isenta de problemas e infortúnios. As crises e os eventos estressantes afectam toda a família e apresentam riscos para os indivíduos e para as relações familiares. Desta feita, a habilidade de gerenciá-las é fundamental para o crescimento e a sobrevivência de vida familiar.

No entanto, definir a qual ciclo de vida a família pertence é importante, pois ajuda a compreender as principais necessidades da família, os trabalhos preventivos a serem desenvolvidos, esclarecimentos sobre as questões específicas do ciclo, auxiliando a família a resolver os problemas, ou seja, oferecendo ajuda específica para a fase vivenciada. Nos dias acuais, com o declínio dos papéis das primeiras agências sociais (família e igreja), a escola e as médias assumem um grande papel na construção do comportamento humano, numa perspectiva do individualismo.

A escola, tratada como agente de socialização secundária, é vista como uma instituição moderna, organizada por expectativas de promoção de igualdade e equidade por meio da distribuição de um tipo específico de saber, discutido e oferecido colectivamente.

Ela é, igualmente, apontada como sendo uma construção de certo grau de homogeneidade cultural pelo oferecimento de saberes racionalmente organizados e distribuídos. Por conta disso, a educação desenvolvida nesta agência, não pode ser possível sem o diálogo com elementos culturais transmitidos por processos de reprodução social independentes da escola.

Nesse sentido, constitui um facto irrefutável que o ser humano se constrói numa rede de relações sociais, na medida em que adquire o seu modo de ser, agindo no contexto das relações sociais nas quais vive, produz, consume e sobrevive. Assim, o ser humano age no seu modo de ser dentro de um conjunto de relações sociais, determinados pelos padrões comportamentais que caracterizam o meio em que se encontra inserido. Nesse sentido, o ser humano é um produto das relações sociais das quais participa activamente.

Reconhecemos, no entanto, a educação formal, não formal e informal como imprescindíveis ao processo de construção e reconstrução do ser humano, procurando torná-lo útil à sociedade a que pertence.

Assim, uma pessoa não nasce ética e, no entanto, a sua estruturação ética vai ocorrendo juntamente com seu desenvolvimento. Para um individuo ser considerado ético, ele deve possuir uma personalidade bem integrada, que lhe permita lidar com as emoções conflituosas e um bom grau de adaptação à realidade do mundo.

Nesse sentido, a ética implica uma opção do individuo, uma escolha activa na medida em que os actos éticos devem ser compreendidos em um contexto que afecte pessoas, meio ambiente e a colectividade.

A camada juvenil, segundo dados, ocupa aproximadamente sessenta por centos da população moçambicana, sendo, por isso, o epicentro do desenvolvimento familiar, comunitário, distrital, provincial ou nacional. É nesta fase que se forma o Homem que vai assumir o papel decisório de adulto na sociedade da geração vindoura.

Ela é vista como categoria social e histórica situada num contexto de transição sócio-económico, político e/ou cultural que marca o fim da infância e o inicio da vida adulta. Ao fazermos uma retrospectiva sobre ela, percebemos que tende a se agrupar para partilhar expectativas, vivências e, consequentemente acaba organizando sua vida e moldando a sua identidade a partir de muitas experiências vividas nos mais diversos grupos em que cada um participa activamente.

No entanto, a forma como cada um recebe e compreende a informação que surge no seio desses grupos de interacção em que faça parte é que vai determinar o seu perfil individual.

Assim, o processo de interacção social é sempre dependente da quantidade e da capacidade de manipulação da informação que cada actor consegue realizar no contexto de cada situação particular de que faça parte, no momento. Embora seja parte da estrutura social, os papéis sociais existem na medida em que são preenchidos pelos indivíduos.

Por conta disso, os desempenhos dos actores sociais podem ou não coincidir com as expectativas normativas agregadas aos papéis, que a preservação das normas de identidade pode engenhar tanto os desvios como as conformidades.

Neste sentido, os desviados não são pessoas, mas sim as perspectivas geradas durante os encontros sociais, em virtude de normas não cumpridas que provavelmente actuam sobre o encontro. Dito doutro modo, o desvio não é sempre uma ruptura com a ordem social, mas muitas vezes a condição de possibilidade de existência dessa ordem social. No entanto, o não cumprimento das normas sociais releva o princípio de que os actores sociais, na procura de soluções para os seus problemas, são capazes, pela sua capacidade reflexiva, de modificar as regras e as normas que limitam os seus interesses e a sua liberdade.

Encontramos, a um outro nível, uma outra categoria de desvio segundo a qual se sustenta que o desvio moral decorre da deslocação de um sistema de referência de uma comunidade local para uma comunidade mais ampla.

Enquanto a família, a classe social e, as vezes, a religião são factores de diferenciação dos indivíduos, a escola, a televisão e as redes sociais funcionam como factores de unificação, difundindo os valores e as normas que se pretende que sejam comuns a todos os membros da sociedade. Mas elas centram-se fundamentalmente na defesa do “individualismo” e na fusão de culturas.

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