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SELO: O Baptismo de Fogo de Nyussi: Alerta Vermelho Institucional ou Emergência? – Por Manuel de Araujo

No último sábado visitei o distrito de Mocuba para verificar in loco a situação das cheias pois há já uma semana que que a fúria das águas que irrompeu sobre aquele território! Fui em respeito a nossa cultura que inter alia recomenda que quando a Casa do Vizinho esta a arder, não devemos ficar de braços cruzados! Temos que nos solidarizar e apoiar para debelar o fogo, tanto mais não seja por mero altruísmo ou compaixão, mas também porque a nossa poderá ser a próxima vítima!

Do que sabíamos através dos meios de comunicação, a fúria das águas havia cortado a Estrada Nacional Numero Um em pelo menos dois pontos e desalojado centenas, se não milhares de populares e munícipes de Mocuba e não só! Todo o vale do Licungo estava afectado!

Dado o impacto na vida da população e da economia, e uma vez que ficou interrompida a única via de comunicacao entre o Norte e o Centro e Sul do pais o Anterior Governo, de Armando Guebuza, acertadamente e em tempo útil declarou o Alerta Vermelho Institucional!

Aqui e agora queremos louvar esta atitude profissional do Governo de Guebuza, que mesmo em tempo de transição, e mesmo sem Primeiro Ministro soube tomar e anunciar na voz da então Ministra da Administração Estatal, Carmelita Namashilua a decisão certa a tempo e horas!

Guebuza só pecou por não ter encontrado tempo para visitar Chitima e Mocuba! Teria saído pela Porta Grande!

Contudo, em nosso pobre entender, e em estrito respeito as instituições competentes queremos aqui e agora lançar um apelo para uma cada vez maior flexibilidade do Novo Governo no acompanhamento da situação!

Não faz sentido que volvida uma semana do lançamento do Alerta Vermelho, as vítimas continuem apinhadas em salas de aulas desprovidas de qualquer conforto: dormem no chão ou em esteiras adquiridas na esquina local, cozinham cada um a sua maneira devendo cada um “desenrascar” agua, panelas, lenhas ou carvão, havendo muitos que não podendo enviam os poucos mantimentos que tem a residências próxima para o seu confecionamento!

Não faz sentido, quando vemos em ecráns de televisão empresas que oferecem em tempo seco centenas senão milhares de redes mosquiteiras, e quando estas redes são necessárias para evitar a propagação de malária, não tenhamos uma única rede disponível!

Digo isto porque nos centros que visitamos no sábado transacto verificamos in loco, que as janelas da escola não tem nem redes e nem vidros numa zona infestada de mosquitos criando condições propicias para a propagação da malária!

A situação no terreno exige maior robustez e flexibilidade das autoridades de gestão de calamidades e do Novo Governo!

Dada a emergência, não faz sentido que a província continue sem Governador! Dada a gravidade, o Novo Presidente da Republica deveria ter tomado uma posição extraordinária nomeando e empossando in extremis, um Governador para tomar conta da situação e a Direcção Geral do INGC já deveria ter acampado em Mocuba!

Por volta das 13 horas de sábado é que vimos a nossa Forca Aérea no aeroporto de Quelimane! Infelizmente a nossa Forca Aérea, parece ter chegado a mesma altura que a Forca Aérea Sul-Africana!

Vimos um avião de luxo o Forca Aérea 002 que de nada serve na situação actual! O que se precisa neste derradeiro momento e de helicópteros, os tais que abundam em tempo de campanha mas escasseiam em tempo de dor, luto, e sofrimento!

O Novo Governo, não deve andar, nem gatinhar, deve e correr! O sofrimento, a dor e o luto do povo não devem ficar reféns de cerimónias de protocolares! Queremos o arregaçar de mangas imediato para salvar vidas e prevenir doenças!

Seria de bom tom que a Primeira Acção do Novo Primeiro Ministro, Carlos Agostinho do Rosario (que saúdo), que conhece muito bem a Zambezia, logo depois da tomada de posse saísse do Palácio da Ponta vermelha, não para o seu Gabinete (a não ser que para lá tenha que ir para Declarar Emergência) mas sim para o aeroporto e para Mocuba, da mesma maneira que gostaria que a nova Ministra da Saúde (a quem saúdo) também saísse da cerimonia de tomada de posse não para o Gabinete mas sim para o aeroporto e dai para Chitima!

Que o Novo Ministro da Industria e Comercio, depois da tomada de posse não vá ao Gabinete, que apanhe a boleia do Primeiro Ministro, para se reunir in loco com a CTA e a Associacao Industrial e Comercial da Zambezia (ACIZA) para medir o impacto do corte da Estrada Nacional Numero Um e outras na economia da Zambezia e do pais!

Gostaria que o Novo Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Pedro Couto (a quem saúdo) depois de tomar posse que apanhasse a boleia do Primeiro Ministro e fosse a Mocuba, Nampula e Pemba para que sinta em primeira mão, o impacto da falta de energia na economia e começasse a ‘pensar’ em fontes e modelos alternativos de produção e distribuição de energia, porque o actual sistema, face as mudanças climáticas mostra-se inepto, insustentável e bastante caro!

Senhor Presidente, Senhor Primeiro Ministro, a situação que temos na Bacia do Licungo e não só, já não é de Alerta Vermelho institucional mas sim de EMERGÊNCIA!

O impacto das chuvas faz-se sentir não só na Zambezia mas em todo o pais: a economia da zona centro- norte de Mocuba, passando por Gurue, Alto Molocue, Murrupula, Nampula, Ilha de Mocambique, Nacala, Chiure e outros pontos do pais funciona a meio gás!

Nampula e Pemba duas capitais provinciais vibrantes transformaram-se literalmente em “Cidades fantasmas”: Os turistas fugiram, as fabricas funcionam a meio gás, o comercio funciona com geradores, que já não existem no mercado e que criam problemas ambientais devido ao fumo!

Vi com estes olhos que o chão um dia vai comer, o impacto que a falta de energia traz na nossa economia! Não será altura de pensarmos em redundância e em fontes alternativas? E já agora onde andam as antigas centrais elétricas de Nampula, Pemba? Foram desativadas e vendidas a China como ferro velho como aconteceu com a linha férrea Mocuba-Quelimane?

Ao longo desta semana tive o privilegio de visitar Mocuba, Nampula e Pemba e vi in loco o impacto que esta crise esta a ter nos tecidos sociais, empresariais, nas infraestruturas enfim na economia!

Estas três cidades transformaram-se em autenticas ‘Ghost cities’ com muitos restaurantes a funcionarem a meio gas, bancos sem sistemas criando enormes filas, autocarros inter-provinciais sem passageiros, milhares de pessoas incomunicáveis (numa altura em que mais precisam de comunicar) porque não podem carregar os telefones e a nossa MCel esta fora de ar tanto em Pemba como em Nampula!

Gostaríamos que a primeira reunião do Novo Conselho de Ministros decorresse em Mocuba para que in loco o Novo Governo possa não só sobrevoar mas apreciar em primeira mão a situação no terreno e declarar EMERGÊNCIA!

E mais gostaria que a primeira visita do Novo Chefe de Estado fosse a Mocuba e Chitima, aliás penso que logo depois da tomada de posse o novo Chefe de Estado já lá deveria ter estado usando a Air Force 001!

Tanto Mocuba, Maganja da Costa, Alto Molocué, Lugela, Nante, Gurúè, Milange, Namarroi, Morrumbala, Chinde, Cuamba como em Chitima!

Senhor Presidente, infelizmente, o seu baptismo foi de fogo, mas e com baptismos de fogo que se revelam os grandes homens! Arregace as mangas e mande esses jovens trabalhar, pondo a mao na massa!

Aos amigos da Cooperação internacional contamos com o vosso apoio incondicional e atempado!

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