Os peritos das áreas de desenvolvimento, no seu verdadeiro sentido da palavra, há anos escrevem e falam sobre formas e mecanismos de erradicar a pobreza nos países do terceiro mundo e, entre eles, não são poucos que defendem a ideia de que “dar peixe, em termos de ajuda, não é muito significativo quanto é, ensinar a pescar”.
Mas, até hoje, podemos sem demasiados receios dizer que aqueles que quiserem ajudar, ajudando por ensinar a pescar e, não em dar, o próprio peixe, Eles ainda terão trabalho de ensinar aos ajudados a aprender que estão sendo ajudados e, ainda assim, poucos deles perceberão, em tempo útil, a tal ajuda.
A vulnerabilidade é antes psicológica que material, eis o segredo que, nas suas variadas formas de o fazer, cabe a todos difundi-lo em todas as esferas da sociedade, sobretudo em comunidades mais desfavorecidas.
Não podemos continuar a gritar a erradicação da pobreza se, ao que tudo indica, em todas as estruturas sociais é ainda muito visível e, até certo ponto, tomada com alguma indiferença, a mentalidade de que “o peixe é mais valioso que a própria arte de pescar”, o mesmo que dizer, continuamos a dar mais azo a apoios do que o que realmente vai nos desenvolver, a ajuda.
Quando dou pão a uma família necessitada, apoiei a essa família no seu matabicho daquele dia que dei pão, isto é um claro exemplo de apoio, diferentemente de ajuda, que seria, por exemplo, mostrar a essa família como produzir batata-doce para o seu matabicho do dia-a-dia.
Portanto, aos que que desenvolvem acções de ajuda, sobretudo, às comunidades desfavorecidas que tão pouco sabem o que é ajuda, precisam antes, ajudar a elas a saberem o que é realmente uma ajuda.
Ajudar não é receber e/ou dar. Ajudar é munir o ajudado de capacidades de, por si, buscar o que precisa. Isto vale, mesmo para todos, mas, sobretudo para aqueles que vêem a capacidade de desenvolver cada vez mais dependente de doações materiais de terceiros, considerando isso uma ajuda.
Por Franquelino Agneves
Franquelino.basso@uem.ac.mz