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SELO: Encontro entre Nyusi e Dhlakama, a única novidade é só o lugar… – Por Miguel Luís

Na tarde do domingo (06 de Agosto de 2017), circularam de uma forma viral imagens de dois homens supostamente na Serra da Gorongosa muito conhecidos pelos moçambicanos, o Presidente Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama. Se não tivessemos em conta o actual cenário político, possivelmente seria mais uma foto. Não sendo mais uma foto, é possível tirar desta imagem várias ilações. Dentre as quais se destaca a evolução de mais um processo de negociações que já vem acontecendo há muito tempo.

É normal e natural que todos nos alegremos por este encontro e parabenizemos os dois líderes pelos avanços que o diálogo político tem trazido nos últimos tempos, mas também é expectável que todos nós olhemos este encontro com serenidade e uma análise mais racional.

Se fizermos uma análise regressiva veremos que houve no passado encontros semelhantes, embora não tendo havido deslocação do Presidente da República à Gorongosa. Tivemos acordos, alguns mais recentes e na véspera do processo eleitoral e ao cabo de tudo as relações azedaram, os que se chamavam irmãos perseguiram-se e o povo moçambicano voltou a ser o capim que sofre quando dois elefantes lutam.

Este processo cíclico, do qual já fiz menção numa outra intervenção, é o que me faz olhar este todo cenário com receio e questionar a razão da euforia por parte de algumas pessoas. Os historiadores propalam nas suas intervenções que devemos estudar a História para “conhecer o passado, compreender o presente e perspectivar o futuro” será que nós como moçambicanos o temos feito quando tentámos resolver os nossos problemas ou fazemos as nossas análises?

Não quero ser pessimista, muito menos tirar o mérito a quem quer que seja, mas vejo neste processo um teatro cuja vítima é povo moçambicano. Quando o assunto é político, a primeira leitura que se deve fazer dos factos é que estes têm uma causa que que sempre anda intimamente ligada com a maximização dos votos numa eleição futura, Buchanan, Tullock e todos os defensores da Teoria da Escolha Pública que testemunhem… Estamos na véspera do congresso da FRELIMO, que pode decidir se Nyusi concorrerá ou não para o segundo mandato, estamos na véspera das eleições autárquicas, e mais tarde das presidenciais e legislativas, “meia palavra basta para um bom entendedor”.

Se for para levar este processo negocial a sério que não seja para resolver uma zanga momentânea, mas sim para evitar zangas futuras e interrompam este ciclo que pouco beneficia a democracia do país. Mais não digo, senão ainda dizem que estou a fomentar a discórdia nacional!

Por Miguel Luís

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