Alguém me ajude a fazer chegar a minha dúvida ao ministro Carlos Bonete. Não sou engenheiro, falhei logo ao entrar no segundo ciclo, ao fazer letras no lugar de ciências, então não entendo muita coisa sobre a construção civil.
Igualmente, não sou economista mas sei que um bilião de dólares é muito dinheiro e, também, sei que é menos de metade do valor que alguns titios que desfilam sua classe e palitam enquanto o povo reclama por causa de estradas podres, levaram em nome do povo. Povo que não tem um tostão para comprar produtos de primeira necessidade.
Por outro lado, estes titios fazem parte do mesmo governo que diz não ter esse dinheiro para dar salários condignos, ou aceitáveis ao trabalhador e ao servidor público. É o mesmo governo que, hoje, precisa de um bilião (menos de metade da dívida) para reabilitar a Estrada Nacional número 1 (EN1), digamos vergonha de estrada, sendo aquela a estrada mais importante de Moçambique. E falam hoje como se no momento em que fizeram as dívidas esta estrada estivesse boa. Mas como a dívida era privada, não podia servir para uma estrada pública e, principalmente, porque a região podre e intransitável da estrada está distante de Maputo, continuaram palitando, fazendo vista grossa, ouvidos de mercadores perante o choro do povo e dos automobilistas que garantem o tráfego de pessoas e bens de e para o centro/norte do país.
Caro Carlos Bonete, Excelência, ao definir o valor de um bilião de dólares para a construção de 600km de estrada sentou com especialistas para discutir este assunto, ou foi ideia de chuveiro? Pergunto isso porque li em algum jornal local, exactamente no dia em que a lixeira de Hulene fez vítimas, que um dirigente veio a público dizer que precisariam de 50 mil dólares para fazer face àquela vergonha. Não sei com que bases esse dirigente chegou àquele montante para o trabalho que ele devia ter evitado.
Caro ministro, volto aqui a expor minha preocupação: o senhor sentou com especialistas para fazer as contas? Em caso positivo, eles disseram, com detalhes, o que é que este montante vai cobrir?
Não me leve a mal, excelência. É que pessoalmente já vi obras sobrefacturadas, mas que pararam a meio caminho e nesse meio com qualidade de 3a. Já vi obras bonitas mas que na primeira chuva a população só não foi plantar bananeiras e fazer hortas por consideração àqueles que procuram ganhar a vida, fazendo chapa.
Por acaso excelência, recebeu propostas técnicas e financeiras para a reabilitação dos troços que perfazem os 600km de estrada? Em caso positivo, que empresas concorreram, ou apresentaram suas propostas para a reabilitação destes troços, de que áreas estamos a falar, qual o custo de cada área? Por acaso tem as propostas técnicas de engenharia apresentadas? Depois da apresentação das propostas, apresentou os projectos e propostas a fiscais, que serão o garante da monitorização do processo para termos obras com a qualidade certificada? Quem são os tais fiscais? Caso responda tudo isto de forma positiva, está num bom caminho, entretanto, pode tornar esses dados públicos?
Pelo menos é o que vejo, governos transparentes a fazerem. Eles sabem e percebem o que é ser um servidor público.
Senhor ministro, se nada disto foi feito, começou mal, e vai parecer aquelas relações que começam com a grávida e depois é que se percebe o erro, mas as pessoas não se conhecem, não namoraram e nem sequer sabem se são compatíveis um com o outro. A ser assim, senhor ministro, está comprometer-se com algo que, se não der certo, estará simplesmente a expor a sua incompetência. Prove-nos que é competente e merecedor do cargo que ocupa não foi somente por confiança politica e outros negócios, mas que está lá porque sabe o que está a fazer.
Voltando a questão das especificidades do trabalho que pretende fazer, em que consiste a reabilitação? No processo de construção, encontramos termos como remodelação, alastramento, reabilitação, construção, reconstrução…, neste caso especifico, o que se pretende fazer com os troços que perfazem os 600km de estrada? Se for para reabilitar, gostaria que viesse a público e explicasse ao povo, que é o patrão (porque no final do dia é quem paga, pela estrada e os vossos salários), para ficar a saber e poder fiscalizar.
Como temos que dividir as responsabilidades das dívidas, queremos ajudar na tomada de decisões, ou melhor, no planeamento de acções. Queremos participar e contribuir com capacidade intelectual e física para um Moçambique melhor.
O povo agradece.
Por Ananias Chomola