Os acontecimentos que caracterizam os nossos tempos, em todos os cantos do mundo, têm deixado claro o quão somos uma espécie de (des)contínuas tradições e contínuas contradições. Assaltado por tais acontecimentos tenho ensaiado explicações sem tento que ao cabo de tudo se têm revelado meras divagações. Uma delas é a que me proponho partilhar nesta breve reflexão semanal, numa tentativa que espero ser bem sucedida de pequena fuga das politiquices da minha nação.
O Homem é um ser social, isto é, a sua existência plena efectiva-se em sociedade. Com isto ele faz os seus planos, emite os seus juízos, desempenha as suas actividades num meio social. Porém embora sua existência plena se efective em sociedade, este nunca se esquece do seu “eu”, tudo se centra nele esquecendo-se que no meio em que ele vive existem outros seres dotados da mesma capacidade racional e imbuídos pelo mesmo espírito cujo seu eu é o centro.
Sem rodeios digo que vivemos enclausurados em nosso ego, numa situação em que o outro nunca está certo. Antes que ele emita o seu juízo já concluímos que ele está errado. Temos provas disso desde as acções de um cidadão pacato às acções da classe política. Exemplo disso cá entre nós é o das assembleias das nossas democracias, antes que uma proposta seja apresentada já recebeu uma reprovação.
A partir do momento que seja fruto do outro se torna sinónimo de errado. Esse estado das coisas nos conduz a uma situação em que a sociedade ao invés de ser o lugar onde ganhamos existência plena se transforme no lugar onde nos sentimos diminuídos e para resolver esse problema acabamos recorrendo a guerras e a outros tipos de violências.
Antes de chumbar a proposta do outro é preciso ouvir, reflectir e no fim dar o parecer. Não pretendo com isto dizer que devemos deixar de convencer ao outro que a posição que nos apresenta é menos adequada para o problema em causa, mas que tudo só atinge uma harmonia plena se for fruto de uma profunda reflexão e conciliações multipartidas.
Não levem este pensamento sem tento como correcto, isto era uma mera divagação como disse no início…
Por Miguel Luís