DESDE o início da vida humana sempre foi indispensável viver e conviver em grupos sociais. A existência desses grupos tornou-se e continua, até aos dias actuais, tornando-se possível e permanente mediante a transmissão e aquisição de diferentes aspectos de natureza social nos grupos em que cada um se encontra inserido neles. Esse processo todo torna-se possível graças à comunicação e interacção que os membros mantem permanentemente entre si mesmos. Em outras palavras, em todos grupos sociais existe cultura, que é transmitida de geração para geração mediante um processo chamada educação informal.
É entendido como cultura o conjunto de normas, valores, tabus, concepções, crenças e acima de tudo a identidade que caracterizam um determinado grupo social. Já educação consiste num processo contínuo e permanente no qual o Homem adquire valores, normas de conduta, conhecimentos, experiências e habilidades que o tornam apto a agir individual e colectivamente na resolução de seus problemas, tanto de carácter individual quanto de carácter colectivo.
A educação informal é aquela que ocorre espontaneamente em meio à interacções seja entre pais e filhos, amigos, colegas, irmãos de uma congregação religiosa, incluindo até a que se adquire nas redes sociais. Este tipo de educação, geralmente ocorre sem objectivos previamente definidos, mas tem como finalidade padronizar a conduta do Homem enquanto um ser inserido naquele grupo social. é justamente no ambiente familiar que a educação informal ocorre com maior predominância, visto que é na família que se adquire os primeiros modos de convivência em sociedade, visando tornar quase semelhantes os valores morais e as crenças de todos, de forma a garantir o respeito pela ordem social, reduzindo, deste modo, a ocorrência de conflitos, sobretudo entre gerações de diferentes épocas.
Não obstante, nos dias correntes tem sido frequente as instituições sociais tradicionais (família e igreja) tenderem a se “afastar inconscientemente” do exercício pleno do seu papel na educação do Homem e, em casos piores como tem sido visto em alguns cantos das zonas urbanas e suburbanas, elas tendem a “perder” o seu poder de influencia, acabando, por conta disso, por ser uma responsabilidade exclusivamente da escola, dos grupos de amigos e das redes sociais o exercício desse papel. Em reflexo disso, temos hoje uma geração consideravelmente turbulenta e conflituosa, que constantemente questiona e problematiza os modos de vida social tradicionais, confrontando-os com os virtualmente adquiridos, relativamente mais civilizados, embora não implicam identidade do contexto social em que cada um se encontra inserido (muito provavelmente).
Um denominador comum encontrado entre as instituições sociais é o não cumprimento do papel que cada um deve e/ou devia exercer na formação do novo Homem, do qual se espera que possa assumir da melhor maneira o seu papel de adulto futuramente. Por outra, as congregações religiosas politizam suas doutrinas, pervertendo o significado bíblico do conceito “igreja”; as escolas privilegiam pouco a disseminação de matérias relativas à educação moral e cívica, principalmente nos níveis secundários e superiores, processo esse que deve ocorrer tomando como base as particularidades do tempo e contexto social, de modo a contextualiza-la socioculturalmente; e para piorar, as famílias modernas abondaram o cumprimento do seu papel na formação do Homem, usando sempre s mesma frase para se justificar: a falta de tempo em virtude das ocupações académico-laborais.
Nesse sentido, a família na qualidade de primeira agência de socialização tem como responsabilidade transmitir ao Homem desde criança, como ser e estra na sociedade, moldando constante e permanentemente o seu comportamento por meio de treinamentos, demonstrações, conversas frequentes, actividades recreativas e entre outras metodologias de educação informal.
É na família que se deve aprender a vestir decentemente, a ter respeito pelos outros e pelo pluralismo cultural, a desenvolver o patriotismo e a cidadania, etc. Paralelamente a esse embaraçoso e conflituoso paradoxo, surge como urgente a mudança do paradigma da educação informal: promover debates familiares, incluindo actividades recreativas.
Nesse contexto, importa sublinhar que a assimilação dessa educação não acontece automaticamente. Conforme anteriormente referido na definição do conceito educação, esse processo é contínuo… No entanto, é de capital relevância assistir pacientemente as crianças no seu mundo de estímulos, onde assimilam a educação adquirida, adaptando-se à realidade diária constantemente.
Para concluir, importa citar a seguinte máxima: quando a educação é opressora, o sonho do oprimido é um dia tornar-se no próprio opressor.
Por Basílio Macaringue