Uma bomba destruiu um autocarro, segunda-feira (30), em Volgogrado, matando 14 pessoas, no segundo atentado atribuído a militantes suicidas nessa cidade do sul da Rússia em menos de 24 horas.
O ataque acirra os temores de que militantes islâmicos poderão tentar perturbar a Olimpíada de Inverno de Sochi, na Rússia, a ser realizada em Fevereiro. Depois do atentado da segunda-feira, ocorrida na hora de maior movimento matinal, o presidente Vladimir Putin determinou medidas nacionais para reforçar a segurança.
Os investigadores suspeitam que um homem tenha cometido a explosão a bordo do autocarro eléctrico, um dia depois de um ataque semelhante que matou pelo menos 17 pessoas na principal estação ferroviária da cidade, uma espécie de portal para a fatia de território russo que fica entre os mares Negro e Cáspio e as montanhas do Cáucaso.
Um jornalista da Reuters viu o trólebus azul e branco reduzido a um amontoado de sucata retorcida, com o teto arrancado e corpos espalhados pela rua no meio de destroços.
As vidraças de prédios próximos quebraram por causa da explosão. “Pelo segundo dia estamos a morrer. É um pesadelo”, disse uma mulher perto do local, com a voz trémula e a conter as lágrimas.
“O que deveríamos fazer, sair andando?” Vladimir Markin, porta-voz dos investigadores, disse que a bomba usada no trólebus tinha estilhaços “idénticos” aos da bomba detonada na estação, o que indica que elas foram produzidas no mesmo local. Oleg Salagai, porta-voz do Ministério da Saúde, disse que 14 pessoas morreram e 28 ficaram feridas no atentado da segunda-feira.
Ninguém assumiu de imediato a sua autoria. No domingo, os investigadores inicialmente atribuíram a explosão na estação a uma mulher do Daguestão, reduto da militância islâmica às margens do Cáspio. Mais tarde, porém, as autoridades disseram que o autor do ataque poderia ser um homem. Em Outubro, uma mulher do Norte do Cáucaso explodiu num autocarro em Volgogrado, causando sete mortes.
A cidade é um símbolo da identidade nacional russa por causa da resistência ao cerco nazista na Segunda Guerra Mundial, quando ela se chamava Stalingrado. Uma fonte policial disse à Reuters que o policiamento de Volgogrado – cidade com cerca de 1 milhão de habitantes, às margens do rio Volga – está reduzido porque muitos agentes foram mobilizados para a operação de segurança em Sochi.
Alexei Filatov, ex-integrante da força Alfa, grupo de elite para o combate ao terrorismo na Rússia, disse que mais ataques podem ser esperados até a Olimpíada, e que outras cidades do sul russo além de Sochi poderão ficar mais expostas aos atentados.
O Comité Olímpico Internacional (COI) manifestou condolências às vítimas e disse que “sem dúvida as autoridades russas estarão à altura da tarefa” de garantir a segurança da Olimpíada de Inverno.