Milhares de cidadãos civis nos territórios ocupados do Sahara Ocidental estão a abandonar as cidades e a fixar-se em acampamentos, como protesto contra a ocupação marroquina, e isso está a causar grande preocupação, uma vez que as autoridades marroquinas impedem qualquer tipo de assistência médica ou alimentar a este grupo de pessoas.
Pelo menos 10 mil saharauis estão a abandonar as cidades nos territórios ocupados desde 9 de Outubro e ergueram acampamentos na zona de Gdeim Izik, a 12 quilómetros da capital, El Aauin.
O êxodo também é em protesto contra o que classificam de “descriminação, pobreza e violação dos direitos humanos contra os cidadãos saharauis”. Fontes do governo saharaui exilado em campos de refugiados na Argélia dizem que o número de pessoas que abandonam as cidades acampam fora das cidades e vilas em todo o território pode atingir os 14 mil.
Além do acampamento fora da cidade de El Aauin, outros foram erguidos fora das cidades de Smar, Dkhala e Bujador”. O número de aderentes aos protestos “cresce diariamente”, disse uma fonte do governo saharaui.
Os acampados documentam as suas acções de protesto e os seus números em vídeos. Os últimos relatórios dos grupos de protesto indicam que as tensões com os ocupantes marroquinos estão a subir e as forças de segurança de Marrocos estão a usar violência contra os saharuis e impedem o abastecimento de água, alimentos e medicamentos aos acampados, o que causa preocupação da eclosão de uma grande crise humanitária.
A Cruz Vermelha do Sahara lançou já um apelo aos países e organizações doadoras em todo o mundo para “providenciarem o mais rápido possível assistência humanitária às populações acampadas” em El Aaiun.
Mohamed Abdelaziz, Presidente do governo Saharaui no exílio, apelou à agência das Nações Unidas para os refugiados para dar assistência aos acampados e pediu ao Alto Comissário das Nações Unidas para os direitos humanos para intervir, alertando que os acampados estão “sem água, alimentação e medicamentos, o que pode causar uma catástrofe humanitária”.
Entretanto, o governo no exílio mantém contactos diários com os acampados, quem dão detalhes actualizados sobre a sua segurança. Fontes do governo disseram a jornalistas que “apesar das dificuldades, os saharauis estão bem organizados” “Eles organizam-se em grupos, fazendo turnos para monitorar a segurança 24 horas por dia”, disseram ao governo saharaui.
“A cerca de 40 metros de distância, encontra-se estacionada a polícia marroquina mas eles estão preparados para o que der e vier. Eles até organizaram guindastes para o caso de a polícia ordenar a demolição das precárias construções que lhes servem de abrigo”. Abdelaziz recebeu o enviado da ONU, Christopher Ross, no campo de refugiados na Argélia.
Ross encontra-se a fazer uma ronda para se encontrar com as partes interessadas no conflito do Sahara Ocidental numa tentativa da ONU para reactivar as negociações sobre este conflito. Ross já se reuniu com Abdelaziz, que exprimiu grande preocupação sobre “a escalada marroquina, violação dos direitos humanos e o sofrimento dos saharauis que abandonaram as cidades nos territórios ocupados”.
O enviado da ONU também se reuniu com o Ministro saharaui dos Territórios ocupados, Khalil Sid- Amhamed. O encontro centrou-se principalmente na situação dos saharauis acampados e “o que se deve fazer para os proteger e aos activistas saharauis do direitos humanos e prisioneiros em cadeias marroquinas”.
Por seu turno, Ross descreveu o presente impasse nas negociações sobre o Sahara Ocidental como “insustentável”. Mais de 150 mil saharauis têm estado a viver em campos de refugiados na Argélia desde que Marrocos invadiu aquela antiga colónia espanhola, em 1975.
