A economia russa sofreu uma forte queda de 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril e uma alta do déficit orçamentário segundo cálculos apresentados nesta terça-feira, depois que o presidente russo Dmitri Medvedev pediu ao Estado que apertasse o cinto.
Após quase uma década de superávit baseado na produção de combustíveis (petróleo e gás), este ano o déficit público russo alcançará 9% do PIB, explicou às agências de notícias russas um dirigente político que pediu anonimato.
O dado supera as previsões anteriores de um déficit de 7,4% do PIB russo. Além disso, o vice-ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Andrei Klepach, revelou que o PIB continuou em queda mês passado. A economia russa recuou 10,5% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Ele explicou, no entanto, que o ritmo de retrocesso está mais lento. Segundo dados corrigidos de variações sazonais, o PIB russo cedeu 0,4% em abril em relação ao mês anterior, um dado inferior à queda de 0,8% registrada entre fevereiro e março.
O ministério prevê ainda uma queda do PIB que oscila entre 6% e 8% para todo o ano 2009, acrescentou Klepach. As notícias ruins são muitas para a Rússia esta semana. Na segunda-feira o presidente Dmitri Medvedev expressou pessimismo quanto ao déficit orçamentário, embora sem fornecer dados. Medvedev pediu a adoção de um regime severo de economia dos fundos orçamentários. Além disso, lançou um ataque direto contra os dirigentes corruptos, acusando-os de inflar as contas do Estado, e pediu às províncias russas acostumadas a serem resgatadas por Moscou que sejam mais auto-suficientes.
Medvedev se reuniu com executivos para debater o apoio ao setor de pequenas e médias empresas, área na qual seu antecessor Vladimir Putin foi muito criticado por sua política econômica muito orientada para as grandes corporações do petróleo e do gás.
Os investidores permanecem muito céticos ante as dificuldades econômicas da Rússia e o país não notou ainda a chegada de capitais observada nas últimas semanas em outras economias emergentes como Brasil e China, segundo analistas.
Enquanto a crise mundial começava a atingir a Rússia, Medvedev e Putin acusavam os Estados Unidos e a crise bancária de serem os principais culpados. Os líderes políticos se tornaram cada vez mais pessimistas quanto à situação do país e alguns inclusive sugeriram que o governo abandonasse as publicações mensais dos dados de desemprego para torná-las menos frequentes.