Uma nova onda de roubo do gado bovino está a assolar, nos últimos meses, o distrito de Magude, a cerca de 160 quilómetros a Norte da cidade de Maputo, a capital moçambicana. Estranho é que, até aqui, se desconhece a existência de pessoas a cumprirem penas de prisão em conexão com este problema.
O facto foi levantado Sexta-feira última pela população e estruturas governamentais de Magude, no âmbito da visita de dois dias que a Presidente da Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, Verónica Macamo, efectuou a este ponto do país, visando, entre outros objectivos, fiscalizar as actividades do Governo e tornar público o desempenho do mais alto órgão do poder legislativo no pais.
O Primeiro Secretário do partido governamental, a Frelimo, Agapito Nhantumbo, e a população do regulado de Facazissa, foram os primeiros a se queixarem deste problema que aparentemente tinha abrandado.
“O roubo de gado estava a diminuir mas já recrudesceu. Desde o mês passado para cá, ocorrem, diariamente, casos de roubo de gado com fortes esquemas de distribuição da carne, incluindo para a capital do país, Maputo”, disse Nhantumbo.
Diariamente são roubadas entre duas e três cabeças de gado em Magude.
Falando a jornalistas a margem do encontro popular que Verónica Macamo orientou ainda na última Sexta-feira, em Facazissa, Nhantumbo estranhou o facto de os principais suspeitos serem pessoas confiadas para cuidar do gado.
“Tudo indica que é um roubo coordenado”, indicou a fonte, ajuntando que é prática, em Magude, não se pagar salários aos pastores.
Normalmente, os pastores recebem um vitelo por cada ano de serviço.
Suspeita-se que esta forma de recompensar propicie a facilitação do roubo do gado bovino pelos pastores que pretendem obter dinheiro.
Um dos poucos casos de roubo que teria terminado na polícia tem a ver com a prática de justiça com recurso as próprias mãos.
Este mesmo problema do roubo de gado foi retomado pela população que participou numa lareira presidida por Verónica Macamo, na noite da mesma Sexta-feira, nos arredores da vila de Magude.
Apesar do recrudescimento do roubo, Magude continua confiante em recuperar o estatuto de principal criador de gado bovino na província de Maputo e não só.
De um universo de cinco mil bovinos no final da guerra civil, há 18 anos, Magude conta agora com cerca de 68 mil animais, facto que tem assegurado o abastecimento do matadouro local. Antes da guerra, Magude tinha mais de cem mil bovinos.
Sempre que os criadores são vítimas de roubo, estes recorrem ao matadouro para ver se as cabeças abatidas são ou não da sua propriedade, o que tem redundado num fracasso.
Este pormenor aumenta a crença de que o produto do roubo é levado para outros mercados e não o local.
As populações referem que perdem noites a guardar o seu gado mas que os ladrões não desarmam. Parte da população de Magude ameaçou que se a situação prevalecer deixarão os ladrões fazerem a sua vontade. “Não temos outra saída e isso vai nos matar de fome”, referiram.