O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, advertiu hoje, último dia da sua “Presidência Aberta e “Inclusiva” a província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, os residentes do distrito de Chiúre contra os ladrões de cabos e material eléctrico.
Guebuza falava durante a cerimónia de inauguração da ligação de Chiúre à rede nacional de energia eléctrica da Empresa Pública Electricidade de Moçambique (EDM) “Este projecto reveste-se de muita importância para a nossa vida, devido ao seu impacto socio-económico”, disse Guebuza, citando como exemplo a construção de fábricas naquela região. “Construindo fábricas, os empresários poderão empregar muitos moçambicanos, que vão passar a ter dinheiro e, dessa maneira, combater a pobreza”, acrescentou.
O Chefe do Estado moçambicano explicou que “a energia que temos hoje e’ de uma riqueza inestimável, pois permite o funcionamento das escolas durante a noite, utilização dos equipamentos dos hospitais, conservação de produtos frescos, entre outros benefícios”. Por isso, realçou Guebuza, “a nossa recomendação e’ tomem conta bem disto … existem lugares onde pessoas roubam os cabos, e depois deixa de haver energia”.
Guebuza exortou a população de Chiúre a estar mais vigilante de forma a impedir o roubo de cabos eléctricos e, deste modo, privar os residentes da região deste bem tão precioso. “Este e’ o nosso apelo, a nossa exortação”, disse Guebuza, para acrescentar “se aparecerem pessoas a venderem arames temos que saber a sua proveniência. Quando aparecerem pessoas a vender material eléctrico devemos investigar a sua origem para não termos falta de energia”.
Manuel Cuambe, presidente do Conselho de Administração da EDM, disse que com a ligação de Chiúre a rede nacional passaram a ter acesso à energia 220 novos consumidores e que as estimativas indicam a existência de 4.000 potenciais clientes. Falando a imprensa, Cuambe explicou que em 2005 a EDM tinha 300 mil clientes, número que disparou para 614 mil no final de 2008. Sobre o seu significado na redução das importações de combustível (diesel) para operar os grupos de geradores, ora fora de serviço devido a entrada da energia produzida na Hidroeléctrica de Cabora Bassa (HCB), Cuambe disse não estar a altura de fornecer os valores, mas que o mesmo é muito elevado. “No caso de Chiúre, existia uma central a diesel que funcionava no máximo duas a três horas por dia, quando houvesse combustível. Agora, passamos a ter energia permanente, 24 horas por dia”, referiu.
Assim, Chiúre junta-se a Pemba- Metuge, Mecúfi, Montepuez e Ancuabe, de um total de 16 distritos desta província ligados a rede nacional de energia eléctrica. A electrificação da vila de Chiúre inclui a ligação a rede nacional de energia da EDM os consumidores dos bairros de Namiúta, Nahavara, Ntacane, Muajaja, bem como o hospital, escolas, bombas de combustível, moageiras, instituições publicas e privadas, entre outros.
Os elevados custos associados ao abastecimento de energia eléctrica com base nos agregados a diesel, insuficiência da capacidade de fornecimento de energia a demanda dos clientes e o estado obsoleto dos grupos geradores de Chiúre são alguns dos factores que determinaram a ligação deste distrito a rede nacional da EDM. Com uma população estimada em cerca de 196 mil habitantes, o distrito de Chiúre ocupa uma superfície calculada em 4.210 quilómetros quadrados. As principais actividades desta província incluem a agricultura, sobretudo a cultura do arroz, milho, mandioca, feijão amendoim, algodão e castanha de caju.
A electrificação de Chiúre está integrada no Projecto de Electrificação Rural de Cabo Delgado Fase II, orçado em cerca de oito milhões de dólares, dos quais cerca de 701 mil dólares foram dispendidos na electrificação deste distrito. No total são 1.357 novos consumidores que passaram a beneficiar de energia no âmbito do projecto de electrificação rural de Cabo Delgado. Enquanto isso, há cerca de duas semanas, a EDM lançou no distrito de Macomia, também em Cabo Delgado, a Fase III da electrificação rural desta província, um projecto orçado em 56 milhões de dólares, que conta com o financiamento do Reino da Noruega, Banco Árabe de Desenvolvimento (BADEA), Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), União Europeia e a própria EDM.
Este projecto está subdividido em dois lotes que vai culminar com a electrificação das sedes distritais de Macomia, Quissanga, Ibo e Meluco. O segundo lote inclui a electrificação do distrito municipal de Mocímboa da Praia, Nagade, Muedembe. No total são cerca de 2.760 novos consumidores e empreendimentos económicos.
Em 2004, apenas 52 distritos dos 128 existentes em Moçambique estavam ligados a rede nacional, sendo os restantes alimentados a base de grupos de geradores a diesel e painéis solares. Este cenário veio a mudar nos últimos quatro anos, com a electrificação de 34 novos distritos, deste modo elevando para 86 o número de distritos ligados a rede nacional. Actualmente, cerca de 14 por cento da população moçambicana, calculada em 20 milhões de habitantes, beneficia de energia da rede nacional, contra sete por cento em nos finais de 2004.
Participaram na cerimonia os Ministros da Administração Estatal, Lucas Chomera, da Defesa, Filipe Nyusi, das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, Isabel Kavandeka, na Presidência para Assuntos Parlamentares, do Turismo, Juventude e Desportos, Fernando Sumbana, da Energia, Salvador Namburete, da Agricultura, Soares Nhaca, e dos vice-Ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e da Planificação e Desenvolvimento, Henrique Banze e Victor Bernardo, respectivamente, bem como convidados, entre os quais se destacam os Embaixadores da Espanha e do Egipto e os Encarregados de Negócios da França e Zâmbia.