Reina muito cepticismo no seio do governo moçambicano quanto alcance dos níveis de crescimento económico previstos para o presente ano, isto é, o crescimento projectado pelas autoridades moçambicanas até 31 de Dezembro do corrente ano. A culpa, justifica o governo, é da crise económica mundial que para as autoridades governamentais continua a fazer-se sentir com intensidade no país, em particular, e no mundo todo.
O governo moçambicano prevê, este ano, um crescimento económico de 6,2%, conter a taxa de inflação em 9,5% e exportar bens de 1,5 mil milhões de euros, mais 10% que em 2009. Por outro lado, recorde-se, a proposta do Plano Económico e Social (PES) para 2010, refere que a produção global e sectorial no presente ano terá um aumento de 7,4%.
Entretanto, estes números estão tremidos, embora nos primeiros 6 meses o país tenha se portado bem, na perspectiva de crescimento económico. Por exemplo, dados dos primeiros 3 meses indicam que a economia nacional, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), cresceu no primeiro trimestre deste ano 9.5% e a produção global situou-se no mesmo período em 7.4%, cifra situada acima da meta prevista para o ano de 2010, na ordem dos 6.2%.
De acordo com o ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, não obstante o esforço que o governo tem vindo a realizar no sentido de manter o crescimento económico e assegurar que os seus ganhos se revertam na melhoria das condições da vida da população, o efeito combinado e prolongado da crise económica internacional contribui para a erosão das condições de vida da população, facto testemunhado pelo aumento do custo de vida. “A economia moçambicana tem estado sujeita a efeitos negativos das crises internacionais e, no entanto, os indicadores da economia mundial sugerem que a recessão ainda não terminou e que a estabilização é desigual entre os países”, observou.
Aiuba Cuereneia, que respondia esta quarta-feira na Assembleia da República, às questões colocadas pelas bancadas parlamentares sobre o custo de vida no país e as medidas decididas pelo governo para reduzir a incidência deste problema a curto, médio e longo prazos, enfatizou que os choques externos resultantes desta conjuntura tem repercussões negativas em todos os países. Destaque, ressalvou Cuereneia, vai para economias em desenvolvimento como a de Moçambique.
Entretanto, alguns analistas nacionais e internacionais não concordam, no seu todo, com a justificação governamental. Defendem que, na verdade, o crescimento económico de que tanto o governo se vangloria tem a ver unicamente com o desempenho dos grandes projectos.
Estes, defendem, tem um impacto bastante reduzido na vida diária das populações que continuam a lutar pela sobrevivência que se caracteriza pela procura ou falta do mais básico produto alimentar. Por outro lado, defendem, há grande falha das políticas nacionais de desenvolvimento, especialmente o Programa Nacional de Produção de Alimentos.
Aliás, ainda na edição de ontem, inserimos uma notícia em que Jorge Rebelo, membro do Comité Central da Frelimo, dizia, sem papas na língua, que as estratégias de produção de alimentos eram verdadeiro desastre.