O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, escapou à justiça no caso de corrupção de que ele era acusado apesar de alguns procuradores defenderem a manutenção do processo, o que teria bloqueado a sua ascensão ao poder, revelou o jornal local Sunday Times.
Os documentos comunicados ao Sunday Times levantam a questão de saber porquê o ex-chefe da Autoridade Nacional de Perseguições (NPA) ignorou os pareceres dos procuradores desta instituição e permitiu a Zuma escapar à justiça.
Além disso, estes procuradores rejeitaram igualmente como improcedentes os “registos espiões” – que sugeriam que havia uma conspiração contra as aspirações presidenciais de Zuma – alguns dias antes do abandono do processo em Abril de 2009.
O maior diário da África do Sul declarou estar na posse de mais de 300 páginas de e-mails internos, de memorandos e de atas de reuniões.
Estes documentos revelam que a equipa da Polícia que inquiria sobre Zuma pensava que ele tentava fazer “ameças” contra eles, ameaçando divulgar as informações sobre estes registos que seriam embaraçosas para a NPA e sublinharam as “incoerências jurídicas” da decisão de abdicar do processo.
A NPA tentou impedir o jornal de divulgar estes documentos. Numa decisão divulgada de urgência pelo Alto Tribunal de Gauteng Norte, na noite do Sábado, o juiz Nomsa Khumalo considerou que visto que o jornal já tinha sido publicado proibir a sua distribuição seria inútil.
O pedido da NPA foi rejeitado e ela teve de pagar as custas do processo. Segundo o advogado da NPA, Jaap Cilliers, as informações contidas no artigo do Sunday Times foram “obtidas ilegalmente”, portanto deveria ser impedida a sua publicação.
A Aliança Democrática (DA), a oposição oficial, disse que estava preocupada pelo facto de a NPA ter desdobrado esforços para impedir a publicação destas informações.
“Estes documentos já pertencem ao domínio público, portanto porque é que os advogados do Presidente Zuma e da NPA insistem em escondê-los?”, declarou o deputado da DA, James Selfe.
