O Ministério da Educação promete publicar, até ao dia 15 do mês em curso, os resultados dos exames da 10ª e 12ª classes realizados em 156 centros abertos em todo o país e que se saldaram em 103 fraudes, com maior incidência para a província de Sofala e cidade de Maputo. Nos exames, realizados de 26 a 30 de Julho, foram avaliados 92.080 candidatos da 12ª classe e 30.109 da 10ª classe.
Falando na conferência de imprensa destinada a apresentar o saldo dos exames extraordinários, Jafete Mabote, director nacional de Exames, Certificação e Equivalência, disse que a correcção automática para a 12ª e manual para a 10ª classe permitirá a publicação dos resultados nos próximos 12 dias. “Iniciamos hoje a fase de correcção dos exames e esperamos publicar os resultados até ao dia 15 do mês em curso, porque segundo o regulamento temos duas semanas para corrigir os exames”, disse Mabote, apontando que as condições estão criadas para o exercício e até então nada indica que se possa falhar o cumprimento dos prazos.
Quanto aos casos de fraude académica registados no decurso dos exames, Maboe disse que envolvem 13 funcionários, incluindo professores, mas o Ministério da Educação já instaurou processos disciplinares para os implicados sem, contudo, descartar a hipótese deles responderem criminalmente pelo seu envolvimento.
As fraudes registadas, segundo Mabote, são diversificadas e entre elas destaca-se o uso de telemóveis para a recepção de respostas da prova, mesmo sabendo que o uso deste aparelho é proibido por lei na sala de exame. “Os estudantes sabem que estão proibidos de entrar com o telemóvel na sala de exame, mas usam uma nova táctica que consiste na entrega do telemóvel aos trabalhadores da escola, que ficam a receber e passar as respostas que entram via mensagens para o papel”, explicou Mabote.
O regulamento permite aos estudantes ir a casa de banho bastando, para o efeito, estar acompanhado de alguém. Nesta óptica, quando acham que um bom número de respostas terá entrado nas caixas de mensagens pedem, segundo Mabote, “para ir recobrar o fôlego”.
O professor vigilante convida o trabalhador a acompanhar o estudante, mas longe de imaginar que faz parte do esquema. Uma vez fora da sala, eles recebem os papéis e o examinando volta a sala não com o aparelho mas com as respostas passadas em papel. O que sucede, segundo o director, é que muitas destas pessoas estão mais agitadas a mexer aqui e acolá, o que permite detectar a presença de papéis escondidos, mas com as respostas da prova.
Na Escola Secundária da Manyanga, por exemplo, uma estudante que nem sequer professa o islão usou a burca (lenço usado pela mulheres muçulmanas) para esconder os escutadores auriculares e receber, desta feita, as respostas na sala de exame. Os examinandos flagrados em situação de fraude académica reprovam em todas as provas antes realizadas. “Imaginemos que um examinando foi encontrado em situação de fraude na sexta-feira que foi o último dia dos exames, tendo feito exames desde a segunda até quinta-feira, pelo regulamento são anulados todos os exames feitos para aquela época”, sentenciou Mabote.
O director disse que os casos de fraude académica são mais preocupantes nos exames extraordinários, porque a grande maioria dos examinandos não se prepara devidamente para as provas, procurando só alternativas que podem ajudar a evitar a reprovação.