Os jornalistas ocidentais presos no interior de um bairro rebelde cercado pelas forças do governo, na Síria, fizeram um apelo, esta Quinta-feira, por um cessar-fogo para que possam ser retirados e recebam tratamento médico adequado.
A jornalista franceses Edith Bouvier e o fotógrafo britânico Paul Conroy, do jornal Sunday Times, fizeram o apelo num vídeo, enquanto o som da explosão de um míssil era ouvido ao fundo.
Eles são dois dos seis jornalistas ocidentais que ficaram sob ataque, Quarta-feira, quando as forças sírias atacaram o prédio onde eles estavam escondidos em Baba Amro, um reduto da oposição na cidade de Homs, na região central da Síria.
A jornalista norte-americana Marie Colvin e o fotógrafo francês Rémi Ochlik estavam entre os 80 mortos em bombardeios na cidade, Quarta-feira.
Os activistas, na Síria, afirmam que o bairro está actualmente cercado por tropas sírias que disparam mísseis esporadicamente na área. O vídeo de Boivier e Conroy foi publicado no YouTube pelos activistas.
Bouvier, apoiada em travesseiros e debaixo de cobertores, disse que os médicos do hospital de campanha atenderam-na da forma que podiam, mas não tinham equipamentos para operá-la. “Preciso de ser operada o mais rápido possível”, disse ela.
Bouvier, com a coxa enfaixada e aparentemente calma, disse que o seu fémur estava quebrado. “Gostaria que um cessar-fogo fosse imposto o mais rápido possível e que um carro com equipamento médico, ou, de qualquer forma, algum carro, em boas condições, possa nos levar ao Líbano para recebermos tratamento sem demora.”
As forças do presidente Bashar al-Assad intensificaram a repressão à revolta de 11 meses contra as quatro décadas de regime da família Assad.
Houve bombardeiros em áreas de Homs há 20 dias consecutivos, matando centenas e atingindo prédios. Os activistas e diplomatas estão a trabalhar para tentar retirar os jornalistas do local, assim como o corpo de Colvin e Ochlik.
O Ministério das Relações Exteriores da Síria ofereceu as suas condolências às famílias dos jornalistas mortos, mas disse que não era responsável pelos repórteres que entraram ilegalmente no país.
A Síria restringiu o acesso ao país e os jornalistas usaram “coiotes” para chegar aos redutos da oposição. Quarta-feira, o Ministério da Informação pediu às autoridades que localizassem os estrangeiros “e avisassem sobre a situação dos jornalistas que estariam feridos em Homs”.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha disse que estava a tentar negociar um cessar-fogo diário de duas horas em Homs para prestar ajuda aos civis nas regiões atingidas pela violência.
Na sua mensagem de vídeo, Conroy parecia tranquilo e disse estar em boas condições de saúde. “Do momento estou a ser cuidado pela equipe médica do Exército Livre da Síria… Obviamente qualquer ajuda que puder ser dada pelas agências (humanitárias) seria bem-vinda”, disse.