O maior da oposição em Moçambique, a Renamo, veio publicamente, na segunda-feira (21), acusar o Governo de estar a desdobrar-se no sentido de desacreditar o partido com o qual mantém um diferendo político e militar por conta dos resultados das últimas eleições gerais e do Acordo Geral da Paz de 1992, ao anunciar que há guerrilheiros desta formação política a integrarem voluntariamente as Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Na última semana, uma certa imprensa veiculou que 11 guerrilheiros da “Perdiz” “abandonaram as matas e entregaram-se na sexta-feira (11) às Forças de defesa e Segurança em Maputo”.
A informação, de acordo com António Muchanga, porta-voz da Renamo, é falsa. “Há um movimento estranho”, desencadeado pelo Executivo, “para dar a entender que elementos das forças da Renamo estão a abandonar as fileiras para se entregarem ao Governo, o que não corresponde à verdade”.
Aliás, em finais de Novembro passado, o Executivo, através do Ministério dos Combatentes, disse que “nos últimos meses mais de 250 ex-guerrilheiros da Renamo apresentaram-se voluntariamente às autoridades e foram reintegrados em diversos programas no âmbito do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares”. Na altura, Muchanga disse ao @Verdade que tal é uma falácia. Refira-se que o seu partido recusou apresentar a lista dos seus homens por julgar que tal não é prioritário.
Do último grupo de ex-guerrilheiro do partido liderado por Afonso Dhlakama apresentado pelo Governo, consta um cidadão identificado pelo nome de Mário Omar Mangoma, alegadamente com a patente de major.
“Ele [Mário Mangoma] próprio sabe que não é militar da Renamo. Ele é natural da povoação de Tabuane, localidade de Nicadine, distrito de Pebane, província da Zambézia. Foi professor primário expulso por mau comportamento. Foi membro da Renamo nos anos 1999 e abandonou, tendo se filiado ao MDM”, contou Muchanga, acrescentando que, mais tarde, o visado abandonou o partido chefiado por Daviz Simango, passou a viver em Mocuba, “onde foi preso por assalto à mão armada”.
Restituído à liberdade, Mário Mangoma dedicou-se à venda de peixe no mercado local.