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Renamo esperava que a Frelimo tivesse “vergonha para não atingir esta magnitude de fraude” e pede “anulação” das Eleições em Moçambique

O partido Renamo não vai aceitar os resultados das Eleições Gerais do passado dia 15 de Outubro em Moçambique e já pediu a sua anulação. No entanto o maior partido de oposição não tem provas do “enchimento de urnas e impedimento de eleitores de exercerem os seus direitos cívicos” tendo admitido que tinha a expectativa que o partido Frelimo “teria pelo menos um pouco de vergonha para não atingir esta magnitude de fraude a que se atingiu”. O apuramento parcial da Comissão Nacional de Eleições indica vitória muito folgada de Filipe Nyusi na eleição Presidencial e do partido Frelimo nas Legislativas e Provinciais.

O secretário geral do partido Renamo denunciou que no dia 15 de Outubro “assistiu-se a uma violência total caracterizada pelo impedimento e expulsão dos delegados de candidatura e dos MMVs dos partidos políticos, protagonizados pelos presidentes das mesas de votação com a ajuda de agentes da PRM. Prisões arbitrárias de delegados de candidatura e de eleitores que tentassem reclamar seja o que fosse. Enchimento de urnas, impedimento de eleitores de exercerem os seu direito cívico, de escolher os seus dirigentes através do voto secreto, directo e pessoal”.

“Face a isto a Renamo se distancia dos resultados que estão sendo anunciados pelos órgãos de comunicação social, por não corresponderem à vontade do eleitorado”, declarou André Magibire em conferencia de imprensa na sede nacional da formação política na Cidade de Maputo.

O secretário geral do maior partido de oposição afirmou que “o partido Frelimo com esta arrogância e prepotência está claramente a demonstrar que não quer a paz, aliás violou a alínea h do número 3 do Acordo de Cessação definitiva de hostilidades militares, assinado a 1 de Agosto de 2019 entre o presidente da Renamo, Ossufo Momade, e o Presidente da República, Filipe Nyusi, que passo a citar: não praticar actos de violência e intimidação na prossecução de objectivos políticos”.

O partido Renamo pediu a anulação da votação “em todo o território nacional e que o país se prepare para novas eleições que devem ser supervisionadas por entidades idóneas”.

Confrontado sobre os motivos que levaram o partido a participar do pleito tendo em conta que antes da votação existiam evidências da preparação de fraude maior do que a historicamente conhecida, concretamente os 300 mil “fantasmas” recenseado na Província de Gaza, Magibire reconheceu: “nós fomos apelando para possibilidade de fraude, estávamos a chamar atenção da sociedade moçambicana e não só para que ficassem vigilantes por forma a evitar que essa fraude ocorresse”.

“Nós como lutamos pela democracia fomos às eleições conscientes que o nosso adversário teria pelo menos um pouco de vergonha para não atingir esta magnitude de fraude a que se atingiu”, declarou ainda o secretário geral da Renamo.

Renamo não tem provas das fraudes que denuncia e poderá nem conseguir eleger os governadores de Nampula e Zambézia

Questionado pelo @Verdade se este ano, ao contrários dos pleitos anteriores, o partido tem provas para sustentar as suas denúncias de fraude nos tribunais Magibire argumentou: “Quem apresenta o recurso ou reclamação são delegados de candidatura na Mesa (de voto). Estamos a dizer que muitos delegados de candidaturas assim como os MMVs foram escorraçados da mesas o que significa que em muitos sítios essa reclamação pode não ter sido possível”.

Nas eleições anterior os recursos do partido Renamo foram recusados por insuficiência de provas, aliás em Julho, quando se tornou evidente a manipulação do recenseamento eleitoral, o partido recorreu ao tribunal que não deu provimento a denuncia justamente porque “o pedido do Partido Renamo não junta nenhum elemento de prova material ou testemunhal”, argumentou o Conselho Constitucional no seu Acórdão.

Os resultados parciais do pleito começaram a ser divulgados pelas autoridades eleitorais e indicam que Filipe Nyusi vai ser reeleito com uma margem bem maior do que os 57 por cento obteve em 2014 e que o partido Frelimo poderá aumentar os 144 deputados que teve durante a última Legislatura da Assembleia da República.

Bem mais problemático para o partido Renamo é que os resultados parciais iniciais indiciam que poderá nem sequer conseguir eleger os Governadores nas províncias onde tradicionalmente tem sido mais forte.

Na Província de Nampula o partido Frelimo liderava com 64,48 por cento dos votos, estando processadas apenas 30,41 por cento das 3.486 assembleias de voto.

Com 40,14 por cento das 3.219 assembleias de voto processadas o partido no poder liderava a contagem das Provinciais na Zambézia com 68,87 por cento dos votos.

Ossufo Momade, que já estava fragilizado desde que Mariano Ngongo decidiu contestar publicamente a sua liderança, vai reunir nesta segunda-feira (21) a Comissão Política do seu partido. O encontro vai ser numa instância hoteleira na Cidade de Maputo o que indica que o regresso a guerra poderá não estar iminente, embora milhares de guerrilheiros da Renamo continuem nas matas com armas que deveriam ter sido entregues antes das Eleições Gerais, como preconiza o terceiro Acordo de Paz.

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