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Renamo considera mediadores nacionais “aprendizes, sem experiência” e propõe Jacob Zuma no diálogo político com Governo

Mozambican opposition suggests SAfrica's Zuma

Foto de ArquivoRenamo, maior partido de oposição em Moçambique, propôs, numa carta enviada ao Executivo, em Outubro passado, mas ainda sem resposta, o envolvimento do Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e a Igreja Católica Romana, no diálogo político – sem data precisa para ser retomado, desde que foi suspenso, há sensivelmente quatro meses – entre si e o Governo, no sentido de se ultrapassar a tensão político-militar.

“Há mais de um mês, em Outubro enviou uma carta à Presidência da República a propor Jacob Zuma e Igreja Católica Romana, como mediadores (…) Estamos desde essa altura à espera de uma resposta formal do Governo”, disse António Muchanga, porta-voz da Renamo, justificando que “o Presidente Jacob Zuma já mediou com sucesso a crise zimbabweana”.

A Igreja Católica Romana interveio também com êxito nos encontros entre o ex-estadista Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, o que levou à assinatura do Acordo Geral da Paz, ora na origem do diferendo entre a Renamo e o Governo, para além do não reconhecimento dos resultados da últimas eleições gerais ganhas pela Frelimo e pelo seu candidato Filipe Nyusi, segundo o veredicto final do Conselho Constitucional (CC).

Muchanga considerou que os mediadores nacionais, entre eles Dom Dinis Sengulane, Lourenço do Rosário e Padre Couto, devem ser substituídos porque não cumpriram a sua missão de fazer com que as partes alcançassem a paz, supostamente porque “ eram aprendizes, não tinham experiência e o processo foi dar naquela vergonha que todos vimos”.

Desde que o diálogo político foi cessado, não se conhecem, publicamente, nenhuns esforços entre as duas partes com vista às paz efectiva. Na semana passada, horas depois de o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, ter apresentado o seu informe sobre o Estado da Nação, Afonso Dhlakama disse prometeu que “não iremos disparar nenhum tiro”, mas ameaçou promover destruições sem impedimento caso a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e as FADM disparassem “em cumprimento das ordens de Nyusi (…)”.

Na semana finda, Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique e que rubricou, com Afonso Dhlakama, o acordo que pôs fim à guerra dos 16 anos, disse que a Renamo e o seu líder deviam, “em primeiro lugar, fazer tudo para merecerem a confiança”, tendo indicado que uma das vias para o efeito é abdicarem-se das armas.

“Não é só dizer que não fazem a guerra, quando continuam a ser treinadas forças e as armas continuam a ser distribuídas. (…) As instituições existem no nosso país, o Estado deve ser reconhecido, as leis e as instituições existem, o que não significa que não possam ser mudadas”, disse Chissano.

Por sua vez, Armando Guebuza, Presidente que assunou, em Setembro de 2014, o segundo acordo de paz, mas que não está a surtir os efeitos desejados, afirmou que o desejo da “Perdiz” de governar seis províncias onde reclama vitória não poder ser satisfeito. “Devia (Dhlakama) deixar de falar de longe e encontrar soluções para os problemas que eventualmente tenha. (…) É hábito dele dizer coisas que são impossíveis na realidade”, por isso “ele tem vindo” a fazer promessas sem ver resultados, disse Guebuza.

Reagindo aos pronunciamentos dos dois antigos estadistas, Muchanga disse que “foi Chissano que recusou dar estatuto policial à segurança da Renamo”. Ele mandou compulsivamente à reforma os comandantes generais da “Perdiz” que se encontravam no Exercito. “Guebuza continuou esta prática, para além de ter ordenado o ataque à casa do presidente Dhlakama em Santhundjira”.

No banquete oferecido a membros do Governo, por conta do fim do ano, Filipe Nyusi declarou também, diante de Guebuza e Joaquim, que vais continuaremos evitar os intermediários com vista ao alcance de “encontros directos com as lideranças envolvidas [no diálogo político]. Os intermediários, devido à importância que pretendem ganhar neste processo, por vezes, não transmitem fielmente as mensagens emitidas pelas partes”.

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