Ao longo da ronda efectuada pela AIM nas mesas das Assembleias de Voto que funcionaram na ultima quarta-feira em várias locais da cidade da Beira, na província de Sofala, centro de Moçambique, foi possível verificar uma aparente redução dos votos nulos e brancos, mas as abstenções são visivelmente preocupantes.
Em quase todas as Mesas das Assembleias de Voto visitadas pela AIM verificava-se reduzido numero de votos nulos e brancos, chegando a haver casos em que tais não existiam. O maior número dos votos em branco ronda os 15, verificados nas mesas número 0026, na EPC da Ponta Gea, e 0081, Centro de Pequeno Brasil localizada em Macurrungo, enquanto o maior numero de votos nulos é de 19 registado na mesa 0033, localizada na Piscina do Goto, onde funciona a Universidade Pedagógica.
Enquanto isso, apesar de ter havido uma grande afluência as Mesas das Assembleias de Voto, muitos moçambicanos não foram as urnas na Beira. Na Beira, existem algumas mesas que registaram votos correspondentes a menos de metade dos eleitores inscritos.
Eis alguns dados:
Mesa 0043, localizada na EPC Agostinho Neto
Inscritos:1000
Votaram: 492
Mesa 1184, EPC Eduardo Mondlane
Inscritos: 1000
Votaram: 371
Mesa 0022, EP1 7 de Abril
Inscritos: 1000
Votaram: 456
Mesa 1154, EP1 7 de Abril
Inscritos: 937
Votaram: 317
Mesa 1181, EP1 Palmeiras II
Inscritos: 1002
Votaram:380
Mesa 0007, EP2 do Estoril
Inscritos: 1000
Votaram: 382
Mesa 0366, Centro de Pequeno Brasil
Inscritos: 706
Votaram: 151
Mesa 1173, EPC Munhava Central
Inscritos: 1002
Votaram: 366
Estes dados mostram claramente que as enchentes registam nas primeiras horas do dia da votação nas várias Mesas espalhadas na cidade da Beira não significam que a maioria dos eleitores afluiu as urnas.
Aliás, o director do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) ao nível da província de Sofala, Celso Chimoio Sousa, revelou na quinta-feira, em conferência de imprensa, um dado interessante sobre as enchentes nas Assembleias de Voto. Segundo Sousa, a enchente registada nos locais de votação era causada por pessoas que apesar de já terem votado permaneciam lá. “A lei diz que as pessoas depois de votar devem abandonar o local, mas em muitas assembleias isso não aconteceu. As pessoas depois de votar permaneciam ali e nos ficávamos a pensar que há muitos eleitores nas mesas quando não”, explicou.
A AIM testemunhou um caso similar na EP1 Amílcar Cabral localizada na zona de Maraza, onde se encontravam muitas pessoas nas mesas de voto apesar de as mesmas ja terem fechado. O facto ocorreu por volta das 19 horas e a AIM chegou a questionar se aquelas pessoas já tinham votado e elas próprias afirmaram que sim e que estavam ali a espera dos resultados. O dia da votação na cidade da Beira decorreu com normalidade e nos mercados informais era possível encontrar pessoas a trabalhar normalmente como se não estivesse a acontecer nada de especial ou importante para o país.