Pequenos importadores e vendedores informais de produtos frescos denunciaram, Quinta-feira, em Maputo, capital moçambicana, a existência de uma rede ilegal que restringe a aquisição de tomate nacional e, como consequência, alimenta a especulação de preços.
A denúncia foi apresentada, Quinta-feira, ao Ministro da Indústria e Comércio, Armando Inroga, pelos pequenos operadores informais, durante uma visita ao mercado grossista do Zimpeto, arredores da cidade de Maputo.
Segundo os operadores, foi montado um esquema juntos dos produtores de tomate de Catuane, no distrito de Boane, província de Maputo, e Chókwè, em Gaza, que permite o fornecimento do produto apenas a um grupo restrito de pessoas.
Assim, os pequenos operadores sentem-se lesados e impedidos de fazer o seu negócio e desta forma os beneficiários agem a seu “bel-prazer” estipulando preços que julgarem mais convenientes.
Um dos operadores referiu que o mesmo já aconteceu junto dos produtores e fornecedores de tomate da África do Sul, mas graças a intervenção das autoridades dos dois países a situação ficou ultrapassada.
“O carregamento do tomate junto dos produtores é feito por escala. Há um grupo de pessoas que estão numa lista e que estão autorizados a ir buscar o produto nos camponeses de Catuane, Chókwè e outros sítios aqui no dentro e nós não temos acesso a este produto. Esta situação é que faz com que o tomate tenha o preço sempre a flutuar. Antes faziam o mesmo na África do Sul e agora já não acontece, podemos ir buscar tomate à vontade. Estamos a viver esta situação há dois anos” contou um operador.
O Director da indústria e comércio da cidade de Maputo, Armindo Barradas confirmou a existência desta rede ilegal. Na ocasião, Barradas contou que “um fornecedor sul-africano disse-nos ter sido ameaçado de morte caso vendesse tomate a pessoas que não fizessem parte da lista que eles tinham”.
Por sua vez, o Ministro da Indústria e Comércio, disse que caso se confirme a existência da referida rede, os seus membros estariam a cometer uma infracção, pelo que poderão ser processados criminalmente. Inroga prometeu aos micro-operadores que serão accionados mecanismos para desmantelar a rede.
Aliás, recentemente, foi detido um grupo de carregadores grossistas, mais conhecidos por “gai-gai” que andavam a especular preços e açambarcar produtos no mercado grossista do Zimpeto.
“Esse grupo está a cometer uma infracção porque nenhum cidadão moçambicano pode impedir um outro de fazer o seu negócio e, pior ainda, prejudicar a população. A polícia vai trabalhar para investigar o que está a acontecer e responsabilizar os criminosos porque está claro que se trata de uma rede do crime organizado, porque há umas semanas foram detidos 19 gai-gai e hoje ficamos a saber deste caso novo. Mas a situação será resolvida”, asseverou o ministro.
Inroga visitou, igualmente, o mercado central, os grandes distribuidores grossistas e retalhistas tais como a Delta Trading, Africon e Pick`n’Pay para se inteirar sobre a disponibilidade de produtos e os preços praticados.
Com excepção do tomate e da cenoura, cujos preços oscilam devido a pouca oferta dos mesmos, o ministro considera a situação de satisfatória e acredita que os moçambicanos poderão ter festas do fim-de-ano condignas.
“Todos os produtos estão disponíveis e a preços estáveis em todo o país, com excepção do tomate cuja oferta reduziu devido as chuvas. Outro produto é a cenoura, que por causa da especulação houve muitas perdas o que prejudicou sobremaneira os produtores nacionais”, disse.
De salientar que o cenário que se vive este ano a volta das festas do fim-de-ano é contrário ao habitual. Há muita oferta e pouca procura, inviabilizando a acção dos especuladores e açambarcadores.