Cerca de dois mil reclusos da Penitenciária Industrial de Nampula manifestaram-se, esta Terça-feira (09), contra o mau atendimento clínico vigente no posto de saúde daquela reclusão.
Os manifestantes deploraram igualmente as frequentes rupturas de stocks de medicamento, o que condiciona sobremaneira o tratamento de eventuais doenças que lhes têm apoquentado.Segundo os próprios reclusos, a falta de fármacos resultou na morte de um dos companheiros de nome Sebastião Samuel, de 34 anos de idade, na madrugada desta Terça-feira, vítima de tuberculose, doença que de padecia desde o ano de 2010. Ele estava em tratamento, mas sem melhorias significativas.
A morte de Sebastião Samuel gerou alvoroço, situação que paralisou, por algumas horas, as actividades rotineiras executadas pela população reclusória naquela penitenciária.
Tudo voltou à normalidade depois de uma sensibilização desencadeada pelo colectivo da direcção do presídio. Aos insurrectos foi explicado que a crise interna de medicamentos é um problema que afecta a todas as unidades sanitárias da província de Nampula, em particular, e do país, em geral.
O director-adjunto da Penitenciária Industrial de Nampula, António Francisco Sitói, disse que “recebemos os fármacos do depósito provincial e quando há ruptura de stock ao nível da província, somos igualmente afectados”.
A Penitenciária Industrial de Nampula é a maior da região norte do país. Alberga reclusos provenientes das províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado. Das doenças que lhes enfermam destacam-se a tuberculose, HIV/SIDA, malária e trematose (doença da pele associada à falta de banho). Os medicamentos são abastecidos a conta-gotas.
Rodrigues Nupueleque, enfermeiro do posto de saúde da Penitenciária de Nampula, deu a conhecer que há pelo menos 24 casos de contaminação por HIV/SIDA. Alguns já estão a receber o Tratamento Anti-Retroviral (TARV) e outros estão por abrir as fichas para o efeito.
Em relação à tuberculose, Nupueleque disse que 118 pessoas estão infectadas pela doença, das quais 35 pereceram este ano, incluindo Sebastião Samuel. O nível de contaminação nas celas é maior, facto que tirar sono à direcção local. Aliás, o nosso interlocutor referiu que uma pessoa infectada pela tuberculose pode infectar a 10 pessoas que estiverem ao ar livre. Nas celas as infecções são elevadas.
Capacidade reclusória da Penitenciária
A Penitenciária Industrial de Nampula tem 10 pavilhões divididas, cada um deles com 49 celas, e uma cela está para um recluso. Porém, actualmente acontece o contrário porque as celas com camas beliches acolhem mais de quatro indivíduos. E as sem camas albergam mais de seis detidos.
