Em Angola, mais um jornal não chegou às bancas este fim-de-semana, naquilo que muitos receiam fazer parte de um quadro para limitar a liberdade de expressão no país. Depois de duas edições da revista “Capital” terem sido destruidas antes da sua distribuição no início do mês, foi a vez do semanário “Angolense” ficar retido na gráfica.
Estas são duas das publicações privadas mais destemidas em Angola e que foram recentemente compradas pelo grupo Media Investments, que se acredita ter fortes ligações ao partido MPLA, no poder. A referida edição de “A Capital” terá sido impedida de circular, há duas semanas, devido, alegadamente, a um artigo sobre o Presidente Eduardo do Santos.
Segundo apurou a correspondente da BBC em Luanda, o novo director do semanário “Angolense” terá apresentado a sua demissão, na sequência de diversas polémicas internas com a nova gestão. Polémicas ligadas a censura de material e cobertura de notícias controversas sobre a alegada corrupção de indíviduos ligados às esferas mais altas do poder em Angola.
Rafael Marques: Governo quer silenciar
O jornalista e activista angolano Rafael Marques, cujas pesquisas sobre a alegações de corrupção em Angola foram publicadas pelo semanário “Angolense”, disse à BBC que o Governo estava deliberdamente a silenciar vozes críticas no seio dos media privados.
Contudo, Rafael Marques acredita que as ameaças contra a imprensa escrita, não vão impedir que a informação chegue ao público, levando os jornalistas a usar métodos mais creativos, como blogues na Internet. A BBC tentou falar com funcionários do semanário “Angolense”, mas ninguém mostrou estar disponível. O mesmo se passou com a Media Investments, uma sociedade anónima sem figuras públicas contactáveis.