O presidente cubano, Raúl Castro, anunciou, Domingo (24), que vai deixar o poder ao final do seu segundo mandato de cinco anos, em 2018, e o Parlamento nomeou um político de 52 anos, estrela em ascensão dentro do regime cubano, para se tornar vice-presidente e mais visível candidato à sucessão.
“Este será o meu último mandato”, disse Raúl, de 81 anos, logo depois de ser eleito pela Assembleia Nacional para o seu novo mandato. De forma surpreendente, o recém-eleito Parlamento também nomeou Miguel Díaz-Canel como primeiro-vice-presidente, o que significa que ele assumirá o poder caso Raúl não possa concluir o seu mandato.
Díaz-Canel, membro da cúpula do Partido Comunista Cubano, ascendeu politicamente actuando nas províncias, até se tornar agora o mais visível possível sucessor do presidente. O ex-presidente Fidel Castro participou da sessão parlamentar, fazendo uma rara aparição pública.
Desde 2006, quando adoeceu e cedeu o poder ao irmão mais novo, Fidel, de 86 anos, abriu mão de todos os seus cargos públicos, menos o de parlamentar da Assembleia Nacional.
Esse, provavelmente, será o último quinquénio da ilha sob o comando dos irmãos Castro e da sua geração de líderes revolucionários, que governa Cuba desde a revolução de 1959. Díaz-Canel substituirá como primeiro vice o veterano José Machado Ventura, de 82 anos, que continua sendo um dos cinco vice-presidentes auxiliares.
O comandante revolucionário Ramiro Valdés, de 80 anos, e a tesoureira-geral Gladys Bejerano, de 66, também foram reeleitos como vice-presidentes. As demais vagas de vice foram entregues a dois novatos – Mercedes López Acea, de 48 anos, primeira-secretária do PC em Havana, e Salvador Valdés Mesa, de 64 anos, chefe da federação sindical oficial.
Esteban Lalzo, de 68 anos, deixou uma das vice-presidências ao ser eleito, Domingo, para presidir a Assembleia Nacional no lugar de Ricardo Alarcón, que passou 20 anos no posto. Seis dos sete membros principais do Conselho de Estado têm vaga na cúpula do PCC, que também é comandado por Raúl.
O anúncio de que o presidente pretende aposentar-se causou pouca surpresa entre exilados cubanos de Miami. “Não é uma grande notícia. Teria sido uma grande notícia se ele renunciasse hoje e convocasse eleições democráticas”, disse o advogado Alfredo Durán, um líder moderado dos exilados.
“Eu não estava preocupado de que ele ainda estivesse por aí depois de 2018.” A Assembleia Nacional reúne-se durante poucas semanas por ano, e entre as sessões delega os poderes legislativos ao Conselho de Estado, que tem 31 membros e também funciona como Poder Legislativo, ao nomear o Conselho de Ministros.
Os 612 deputados da actual legislatura foram eleitos a 3 de Fevereiro, num sistema de lista única, sem disputa real pelas vagas. Apenas 8 por cento deles nasceram depois da revolução de 1959.