Os 1.860 moçambicanos que trabalham na mina de platina Impala Platinum Mine, em Rustenburg, província de North West, na República da África do Sul (RAS), incluindo os cerca de 100 que aderiram à greve que eclodiu no dia 19 de Janeiro deste ano, poderão permanecer nos postos de emprego daquela companhia, segundo uma decisão da respectiva gerência.
A decisão, que abrange a todos os 26 mil trabalhadores da mina, independentemente da nacionalidade, surge após um encontro de reaproximação que teve lugar no fim-de-semana, entre o sindicato legalmente autorizado na empresa, a NUM, e a entidade patronal.
O encontro tinha como objectivo encontrar um mecanismo para ultrapassar o diferendo que opõe a empresa e um grupo composto por operadores de máquinas perfuradoras da mina.
Os operadores de máquinas perfuradoras apontam como razão para manifestarem-se o facto de não terem sido inclusos nos aumentos recentemente feitos a outras áreas por parte da gerência da companhia.
Este problema terá motivado a paralisação total dos trabalhos, fruto da solidariedade que os outros colegas observaram.
Para satisfazer ambas as partes e, sobretudo, devido às perdas económicas e financeiras que a companhia está a registar com a greve, bem como da influência que tal pode ter nos salários dos mineiros, a gerência reconsiderou o cumprimento da decisão de rescindir todos os contratos e a abertura de um outro processo de readmissão.
O tribunal da região proclamou a greve de ilegal. Contudo, os trabalhadores insistem com o seu movimento reivindicativo razão pela qual a gerência da companhia optou por uma solução suave, decidindo a reabertura da mina a partir de Terça-feira, enquanto prossegue o diálogo entre as partes.
“Assim, os trabalhos reiniciam amanhã (Terça-Feira), mas tudo está condicionado à disponibilidade dos trabalhadores, porquanto muitos deles estão espalhados por diversas regiões da RAS, enquanto dura a reivindicação, como também pelo facto de alguns ainda temerem de actos de intimidação que se vive no seio deles”, refere o Ministério moçambicano do Trabalho (MITRAB) em comunicado de imprensa recebido, Segunda-feira, pela AIM.
Dados da Delegação do MITRAB na RAS apontam para um regresso total de todos os 1.860 moçambicanos ao trabalho, caso as condições de segurança estejam criadas pelas entidades competentes, nomeadamente a Polícia, de quem a gerência da mina disse ter garantia, fruto do trabalho conjunto que tem havido nesse sentido.
Os trabalhadores moçambicanos foram aconselhados pela Delegação do MITRAB a permanecerem no país até ao desfecho do caso, não obstante as intimidações que foram sofrendo por parte dos mentores da greve.
De salientar que a região de North West, rica em platina, é a que maior aglomerado de mineiros moçambicanos regista em toda a África do Sul, com mais de 16 mil trabalhadores.