Organizada pela ActionAid Moçambique, teve lugar esta terça-feira a II Conferência Distrital da Rapariga em Marracuene e na Manhiça. Nacima Figia, Coordenadora de Direitos da Mulher e da Criança daquela ONG, considerou “muito positivo” o balanço feito até agora desde que a ActionAid lançou em 2006, em parceria com outras instituições nacionais e internacionais, uma campanha contra o abuso sexual da rapariga na Educação.
“Ao longo deste período uma das estratégias para dar voz à rapariga foi a organização das Conferências da Rapariga. Começámos por organizar conferências nacionais em 2007 mas achámos depois que o ponto de partida deveria ser as conferências distritais. Para esse efeito, aglomerámos várias raparigas de diferentes pontos do distrito, principalmente onde a ActionAid e outros parceiros estão a intervir nesta problemática do abuso sexual da rapariga na Educação.
A eles chamamos Clubes da Rapariga e este encontro é uma concentração de vários Clubes da Rapariga ao nível do distrito vindas de diferentes localidades para uma troca de experiências, de vivências, esclarecendo o que é o abuso sexual, o que é a violência, qual é o ambiente em que vivemos desde a célula familiar, porque sabem que infelizmente começa ao nível da célula familiar, aquilo a que chamamos na lei o incesto. Estes clubes funcionam como um espaço de troca de experiências no sentido de elevar a auto-estima destas raparigas, consciencializando-as de que elas são seres humanos com direito à Educação”. Em relação ao envolvimento da rapariga nesta acção Nacima considerou “bastante bom”.
E prosseguiu: “A avaliação que fazemos é muita positiva porque elas próprias, ao nível da própria localidade, conseguem localizar raparigas que estavam na escola e abandonaram-na de um dia para o outro. Quando procuram saber mais pormenores muitas vezes descobrem que estão casadas contra-vontade e não voltam para a escola quando estão grávidas. A faixa etária de trabalho situa-se entre os nove e os 18 anos, “mas encontrámos raparigas com mais de 18 anos e acolhemo-las porque ainda são muito jovens e têm muito a dar à comunidade. No ano passado conseguimos que seis raparigas voltassem aos bancos da escola.
A situação é preocupante, mas já está a melhorar. Não basta que o Ministério da Educação crie leis para a equidade do género. Isso não chega. É preciso que elas sejam cumpridas.”