O Quénia instou a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a projetar uma reforma profunda das futuras operações internacionais de manutenção da paz, insistindo cada vez mais na proteção e no desdobramento rápido das tropas.
O Quénia, ainda ativo no apaziguamento dos conflitos no Sudão do Sul, na Somália e na província ocidental sudanesa de Darfur, afirma que a iniciativa da ONU da manutenção da paz apresenta várias falhas.
“A manutenção da paz não deverá ser a solução para os conflitos. Precisamos de sistemas de alerta e de intervenção precoces logo no início dos conflitos”, declarou o representante permanente do Quénia junto das Nações Unidas, Macharia Kamau, que propôs esta reforma algumas semanas antes da eclosão da crise no Sudão do Sul.
“A intervenção francesa que impediu grupos extremistas violentos de desestabilizar o Mali, e que acabou por abrir a via à manutenção da paz, é um bom exemplo”, afirmou Kamau.
Um debate continua em África sobre o facto de saber se a União Africana (UA) deve manter o seu projeto de criação dum mecanismo de desdobramento rápido ou concentrar-se no lançamento da Força Africana de Permanência (FAA).
A FAA foi criada para fazer face aos conflitos civis emergentes e às catástrofes humanitárias, mas divergências relativas ao seu comando impediram o seu desdobramento. O rumo de tropas treinadas e prontas para o desenvolvimento e o facto de saber se eles vão continuar ou não a ter bases nos seus países de origem são algumas questões não resolvidas e que atrasam ainda a realização do sonho da FAA.
O Quénia é um dos 10 principais países contribuintes de tropas para as operações de manutenção da paz da ONU e as suas tropas participaram na maior parte das operações de manutenção da paz aprovadas pela ONU e pela União Africana (UA), pois este país alinha as suas obrigações internacionais nos seus interesses internos através da sua política estrangeira.
“Efetuamos várias missões de manutenção da paz em África e no mundo. Do Kosovo ao Tchad, da ex-Jugoslávia ao Burundi, à Serra Leoa, ao Rwanda passando pelo Sudão do Sul”, lembrou à PANA o porta-voz do Ministério queniano da Defesa, Bogita Ongeri.
O Quénia desdobrou soldados nos seis batalhões da missão na Serra Leoa entre 1999 e 2003 no quadro da intervenção da ONU na guerra civil neste país e enviou igualmente capacetes azuis ao longo da fronteira entre a Etiópia e a Eritreia após confrontos transfronteiriços. Além de ter participado em missões em África, os soldados quenianos tomaram igualmente parte em missões da ONU no Timor Leste, na ex-Jugoslávia, no Irão/Iraque e no Kuwait.
O Quénia faz igualmente parte dos 13 membros da Força Este-Africana de Permanência (EASF), um dos principais elementos da FAA, “A EASF foi criada para fazer face às necessidades em matéria de paz e de segurança de África. O seu desdobramento será decidido pela UA”, indicou o coronel Willy Wesonga, encarregue da Comunicação das Forças de Defesa do Quénia.
Atualmente, o Quénia possui mais de 700 soldados e 32 civis desdobrados no Sudão do Sul, enquanto o Conselho Nacional de Segurança do Quénia anunciou na semana passada esperar a autorização do envio de 310 soldados no quadro da Missão da ONU no Sudão do Sul.