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Quem nos rouba no peso do pão?

Preço de trigo vai subir

A decisão de subsidiar a aquisição de farinha de trigo trouxe à superfície uma realidade até então ignorada: o real peso do pão que chega ao consumidor. Afinal, há quanto tempo nos vendem pão de má qualidade e com um peso muito abaixo do estabelecido por norma?

Desde que o Governo decidiu subsidiar a aquisição da farinha de trigo, uma medida que visa congelar os aumentos no custo das matérias-primas na cadeia de produção do pão, os consumidores têm vindo a queixar-se da redução do peso daquele alimento protagonizada pelas padarias.

Mas alguns economistas são da opinião de que esta situação é antiga e só veio a terreiro quando o preço dos produtos começou a atingir níveis insustentáveis para os consumidores.

“Que eu saiba, nunca se fez antes uma inspecção ou fiscalização às padarias, o que me leva a concluir que a questão de redução do peso do pão já era uma prática reiterada”, comenta o economista Jacinto Ribaué e acrescenta ainda: “O consumidor despertou para esta realidade quando se viu forçado a viver de cinto mais apertado do que já estava”.

Mouzinho Nicols, presidente da Associação de Defesa dos Consumidores de Moçambique (DECOM), reconhece que o problema da redução do peso do pão é antigo. “É necessário que se diga o peso real do pão, qual pesa 180 ou 250 gramas, de modo que o consumidor saiba. O que acontece é que este continua a pagar mais caro pelo produto”, observa.

A legislação que serve de bengala para o Instituto Nacional de Normalização e Controlo de Qualidade (INNOQ) nesta matéria é do tempo colonial. A mesma refere que o peso do pão apresentado na tabela deve corresponder ao produto final e não a massa do pão antes de entrar no forno.

Foi criada uma equipa multidisciplinar constituída por técnicos do Ministério da Indústria e Comércio (MIC), da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e os panificadores para trabalhar em diversos aspectos de modo que o peso do pão que chega ao consumidor corresponda ao estabelecido por norma datada de 1941 e que corrobora com outra em vigor na região.

Os consumidores ouvidos pelo @Verdade afirmam que não há outra maneira de se ter um pão com o peso de 250 gramas sem se aumentar o volume da massa antes de entrar no forno. “É necessário que se aumente a massa para que o pão chegue ao cidadão com essa medida”, diz Miguel Jossias.

Entretanto Américo Zandamela tem dúvidas de que o resultado do trabalho da equipa multidisciplinar venha a trazer algo de novo: “Essa é a mais forma que encontraram para entreter o povo. Está claro que para se ter um pão que pese 250 gramas é necessário aumentar a massa, portanto, essa equipa não vai fazer nenhum milagre”.

Já Custódio Mabunda é de opinião de que não é preciso “uma investigação ou um relatório científico” para se ter pão com o peso estabelecido por norma. “A solução é uma: aumenta-se o volume da massa para 300 gramas e teremos um pão de 250 gramas”, comenta.

Enquanto a equipa multidisciplinar não apresenta o resultado do trabalho para se corrigir a situação, as padarias continuam a vender pão com o peso muito abaixo dos 250 gramas. Curioso: segundo uma fonte ligada ao MIC não se pode falar neste momento em penalizações, pois está-se numa fase de estudo para se produzir o pão com o peso ideal que servirá de modelo para o mercado.

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